Tem uma casa cheia de fantasmas.
O filho.
A filha.
O pai.
A mãe.
O morto.
Todos fantasmas. Vagando por ai. Fingindo que não existem.
As crianças que passam por ali sempre olham com espanto para a casa.
- Tem certeza que é assombrada?
- Sim!
- Jura? Quem te contou?
- O morto!
Claro, se foi o morto.
Sempre assim entre as crianças quem andam por ali até a escola.
Durante a noite os fantasmas choram. Urram gritos de lamentos e desespero. É assustador.
Tão assustador que o morto não agüentou. Arrumou suas malas e foi embora. Não suportava viver naquela casa assombrada.
A crianças continuam comentando.
A cidade toda fala.
A cidade toda reza.
Do pai, do filho, da filha, da mãe, e do espírito santo. Amém.
(Samuel Gois Martins) 25/04/2005
“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””
Monday, April 25, 2005
Sunday, April 17, 2005
Fabulas com peixes e anões
Se não estivesse tonto o suficiente o carinha ia correr e meter porrada no maldito anão. Sim, vamos falar do anão já já. Numa visita em que o carinha fez a cidade de João Pessoa, lugar que mais parece um jardim cheio de pedrinhas bonitas onde as pessoas moram dentro, conheceu um peixe maroto chamado Rogério. Rogério tinha se afastado da vida de água salgada e foi no centro da cidade em busca de oportunidades. O carinha escutou daquelas historias que a mulher da Paraíba abre as pernas para qualquer sujeito do sul, triste decepção que gente feia ainda consegue ser feia em todo canto. Voltado ao anão, ele vendia vale transportes nas paradas confusas da lagoa, o cartão postal mais conhecido da cidade. O carinha estava na parada conversando com o peixe maroto. Perguntou por que não iria nadar na lagoa. O peixe respondeu que a praia dele é água salgada, mas que esta tentando parar por questões medicas. Tudo bem, o carinha comeu uma dona, foi ate assim que ele ficou muito amigo do peixe Rogério que deu uns toques de como levar as donas pra cama. Foi nessa mesma noite também que ele conheceu o anão. O anão córneo ele. O anão pegou a mina dele. Anão filho da puta, como diria Rogério. E não foi que na bendita parada lá estavam eles frente a frente? Mas tava foda. A lagoa fedendo. O carinha não tava acostumado com o cheiro da lagoa.
(Samuel Gois Martins) 17/04/2005
(Samuel Gois Martins) 17/04/2005
Friday, April 15, 2005
Poluição sonora
stunque stunque stunque a rede de televisão orgulhosamente trim trim você ainda não arrumou o quarto trim trim estrelado por alô stunque stunque stunque eu pesso todo dia para você arrumar esse quarto alô é você não perca esta noite chhiiii stunqui stunqui clic clic por que não me ligou não custa nada arrumar o quarto e com vocês o ultimo sucesso da musica pop stunque stunque stunque gostaria tanto que você ligasse mais para mim chiiiii stunque mas sempre aquele chão espalhado de cuecas e revistas hoje é festa lá no meu apê stunque stunque stunque clic chiiii você me traio marcos augustos mas não tenho sempre que ser eu a ligar para você não perca o próximo episódio seu irresponsável que sequer trabalha ou estuda stunque stunque você não me ama mais não é chiiiii pode aparecer o que é essa faca alô alô stunque stunque clic slap crep chiiii
(Samuel Gois Martins) 16/04/2005
(Samuel Gois Martins) 16/04/2005
Monday, April 11, 2005
Globalização e juventude
As possibilidades são muitas. Provavelmente um pássaro morto pendurado por uma corda, galinha talvez. Isso tudo no meio de um pentagrama de...
- Sangue, senhor.
- EU tava narrando. Sabia?
- Desculpe senhor, por favor, desculpe.
- Sem grilo.
Boa parte dos detetives e policiais que se prezam não perderiam tempo cuidando de casos imbecis com adolescentes e animais mortos. Todos sabemos que isso não passa de drogas. Também se podem culpar alguns jogos malucos e aquelas bandas de rock.
As boas mães fazem protestos na casa do prefeito mandando proibir tudo isso.
Bah, coisas idiotas. Adolescentes são idiotas. Um bando de degenerados na verdade. Pegam a coitada de uma galinha, derramam o seu sangue, desenham um pentagrama, se drogam e depois cometem suicídio coletivo para aparecer na televisão.
Chamem de estranho, chamem doentio, decadente. Eu chamo de globalização.
- Senhor...
- Diga.
- Devo ressaltar que eles arrancaram as próprias pernas antes de se matar.
- Eu notei.
- Alguma idéia?
- Acho que arrancaram para não poderem fugir depois.
- Isso é meio bobo chefe...Assim...Acho que é menos doloroso se matar de uma vez.
- Meu querido parceiro.Olhe para eles...O que você esta vendo?
- Cinco adolescentes. Media dezesseis a dezoito anos, quatro garotas e um...
- Um garoto?
- Bem, era para ser.
- Entendo.Prossiga.
- Bem, os jovens estão sem suas pernas e com os pulsos cortados.Maquiados no estilo conhecido como gotic...
- Você já entendeu?
- Como assim, chefe?
- São adolescentes... Adolescentes são idiotas. Adolescentes idiotas arrancariam as pernas para não fugir da merda dum ritual mais idiota ainda.
- Mas, senhor...
- Eu trabalho nessa merda há dez anos. É sempre assim. Entendeu bem?
- Sim...
- Ótimo.
(Samuel Gois Martins) 7/06/2004 – 12/04/2005 (editado)
- Sangue, senhor.
- EU tava narrando. Sabia?
- Desculpe senhor, por favor, desculpe.
- Sem grilo.
Boa parte dos detetives e policiais que se prezam não perderiam tempo cuidando de casos imbecis com adolescentes e animais mortos. Todos sabemos que isso não passa de drogas. Também se podem culpar alguns jogos malucos e aquelas bandas de rock.
As boas mães fazem protestos na casa do prefeito mandando proibir tudo isso.
Bah, coisas idiotas. Adolescentes são idiotas. Um bando de degenerados na verdade. Pegam a coitada de uma galinha, derramam o seu sangue, desenham um pentagrama, se drogam e depois cometem suicídio coletivo para aparecer na televisão.
Chamem de estranho, chamem doentio, decadente. Eu chamo de globalização.
- Senhor...
- Diga.
- Devo ressaltar que eles arrancaram as próprias pernas antes de se matar.
- Eu notei.
- Alguma idéia?
- Acho que arrancaram para não poderem fugir depois.
- Isso é meio bobo chefe...Assim...Acho que é menos doloroso se matar de uma vez.
- Meu querido parceiro.Olhe para eles...O que você esta vendo?
- Cinco adolescentes. Media dezesseis a dezoito anos, quatro garotas e um...
- Um garoto?
- Bem, era para ser.
- Entendo.Prossiga.
- Bem, os jovens estão sem suas pernas e com os pulsos cortados.Maquiados no estilo conhecido como gotic...
- Você já entendeu?
- Como assim, chefe?
- São adolescentes... Adolescentes são idiotas. Adolescentes idiotas arrancariam as pernas para não fugir da merda dum ritual mais idiota ainda.
- Mas, senhor...
- Eu trabalho nessa merda há dez anos. É sempre assim. Entendeu bem?
- Sim...
- Ótimo.
(Samuel Gois Martins) 7/06/2004 – 12/04/2005 (editado)
Sunday, April 03, 2005
Imortais
Uma troca de olhares.
Ela respira com a calma na nobreza. Tantos e tantos anos.
Ele ofega aos tropeços de sua fé. Tantos e tantos anos.
Os dois sabem que o tempo não é nada. Estão sobre a terra a tanto tempo que as pessoas mal conseguem acreditar que um dia poderão deixar de existir. Na verdade, eles sabem que mesmo quando estiverem debaixo da terra, sua existência se prolongara por algumas décadas na memória dos homens.
Sua bengala revela uma lamina, seu turbante é jogado para trás. E debaixo apenas a velha bata de padre que possuía antes disso tudo começar.
Tantos e tantos anos.
Ela tira aquela espada cheia de jóias. Ainda suja com o sangue do século passado.
O som da batalha.
- Só pode haver um. – ele sussurra.
De tantos e tantos anos.
- É verdade. – ela decepa.
O papa morreu. E deus salve a rainha. Uma dos últimos imortais.
- Tantos e tantos anos. – terminou a cabeça rolando no chão.
Amem.
(Samuel Gois Martins) 03/04/2004
Ela respira com a calma na nobreza. Tantos e tantos anos.
Ele ofega aos tropeços de sua fé. Tantos e tantos anos.
Os dois sabem que o tempo não é nada. Estão sobre a terra a tanto tempo que as pessoas mal conseguem acreditar que um dia poderão deixar de existir. Na verdade, eles sabem que mesmo quando estiverem debaixo da terra, sua existência se prolongara por algumas décadas na memória dos homens.
Sua bengala revela uma lamina, seu turbante é jogado para trás. E debaixo apenas a velha bata de padre que possuía antes disso tudo começar.
Tantos e tantos anos.
Ela tira aquela espada cheia de jóias. Ainda suja com o sangue do século passado.
O som da batalha.
- Só pode haver um. – ele sussurra.
De tantos e tantos anos.
- É verdade. – ela decepa.
O papa morreu. E deus salve a rainha. Uma dos últimos imortais.
- Tantos e tantos anos. – terminou a cabeça rolando no chão.
Amem.
(Samuel Gois Martins) 03/04/2004
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