“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””

Monday, September 22, 2008

30 anos

Preparou sua calça boca-de-sino, desgrenhou os cabelos, baforou erva e fez paz e amor com os dedos.
- Vagabundo!
Não foi dessa vez.
Ele arrumou seu topete com o pente navalha, sorriu descarado para a garota, apostou alguns passos de dança da década de oitenta.
- Viado!
Não foi dessa vez.

Então chegou a década de noventa e não existia moda nem um estereotipo identificável. Ele poderia ser qualquer coisa e provavelmente seria atraente. Vestiu-se como uma pessoa normal, calça normal, camisa normal. Fez a barba, cortou o cabelo medianamente.

Aquela seria sua grande noite, e a melhor década de todos os tempos.

Naquela noite acontecia uma convenção de fãs de Star Wars, e a rua estava infestada de Stormtrupers, Darth Vaders, lukes Skywalkers, Ham Solos e Princesas Leias. Ele nunca tinha assistido Star Wars, estava ocupado demais tentando conseguir garotas, e confundiu aquilo com alguma espécie bizarra de rave futurista. “Rave é pura década de noventa!”, pensou ele.

Rapidamente ele se enfiou na multidão que entrava naquele centro de convenções, e toda aquela louca variedade de pessoas fantasiadas como marcianos e homens de penico. A garotas de biquíni acorrentadas por gordões fantasiados de merda. Coisa da pesada mesmo.

Mas nem tudo são flores.

Ele vê algo que lembraria um surreal balde de lixo e tenta desencaixar a tampa de cima para jogar os panfletos que recebera. Ele acaba por destruir a carcaça original do R2 D2. Um Wookie grita. Vários gorduchos gritam enfurecidos. Eram centenas de pessoas armadas com sabres de luz de plástico cheias de testosterona acumulada.

Ele correu, mas a força não estava do lado dele.

Se arrastando, completamente espancado se depara com belas garotas na rua que assistiram toda a cena.
- Nerd!

Saturday, September 20, 2008

desabafo

Gostaria de saber o que esta acontecendo com o meu coração. Ele bate lento, sereno. E acordo todos os dias tranqüilo, parecendo que está tudo bem. “Esta tudo bem”, digo para mim olhando para o espelho do banheiro, naquela primeira escovada de dentes após acordar. Meu reflexo fala “Esta tudo bem”, sem ponto ou interrogação. Respondendo a própria pergunta, e o contrario também. Estou sereno, às vezes sorridente – mas sempre reflexivo. Pensar demais faz mal, já me dizia isso há muito tempo. Preciso começar a escutar meus conselhos.
Estou pelado, com o pênis enrugado, menor que o normal. O corpo molhado de uma água gelada de chuveiro. Fico alguns minutos em silencio, muito cansado para chorar, muito renovado para me arrepender. É segunda feira.

Monday, September 15, 2008

homem-aranha

O garoto subiu a arvore. Usava camiseta vermelha, bermuda e estava descalço, e subiu a arvore. O garoto era meio moreninho, um tanto rechonchudo, provavelmente cinco anos, e estava subindo a arvore, bem alta. O garoto tinha um cabelo de cunha engraçado, e parecia bem simpático, subindo a arvore. O garoto é um vizinho, e eu no meu jardim cortava a grama enquanto ele subia a arvore. Ao chegar no topo gritou “eu sou o homem-aranha!”, e pulou frecheiro até o chão. Foi um som abafado seguido de um crec. Fiquei olhando paralisado, tentando entender o que tinha acabado de ver. O grito da mãe foi rápido, e pessoas começaram a se amontoar ao redor da casa. Chegou ambulância, policia e tudo mais. As pessoas diziam que eu estava em choque. Eu achava que ele não era o homem-aranha.