“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””

Wednesday, July 27, 2005

O livro que não comecei

1

Essa é a historia do autor.
Não eu.
É um conto, sabe.
Meu conto.
E o que vou narrar nele nada tem haver comigo. E sim com o autor.
Alguém que nasceu depois de mim e que busca suicídio às escondidas.
Agora mesmo.
- Você ai, fique longe do varal.
Contorceu-se medroso para o banheiro.
Urinar é um jeito de relaxar.
Eu fui para o meu quarto. Tanta tralha encima da cama. Na verdade livros de importância para mim. Por isso dormem na cama.
Eu durmo no chão.

Dor nas costas. Poderia ser pior. Sempre poderia.
Procuro o relógio. Provavelmente dormindo com as tralhas. Não vou incomodá-lo.
Toalha vermelha. Ainda molhada. Um dia todo para secar. Ainda molhada.
Ligo o chuveiro.
Imagino como seria pisar num sabonete e bater com a cabeça na privada e assim morrer. Imagino meus pais desesperados. Afastar meu corpo gordo e ensangüentado do banheiro não vai ser fácil.
Imagino não morrer imediatamente e fica me contorcendo de dor.
As gotas chegam ao meu rosto.
Água fria desperta o que ainda estava dormindo.

Tento me secar com a toalha molhada.
Cueca. Bermuda. Camisa do festival legal que se arrependeu de não ir no ano passado.
Se ainda for de manhã devem ter os restos na mesa.
E tem.
Pessoas também. A vagina chefe. O juiz. O autor. Mas o autor não come na mesa. Tem um prato de ração para ele.
A historia é sobre ele.
A Vagina fala.
- Você se inscreveu naquele concurso publico como recomendei?
Não falo com vaginas.
- Eu me preocupo com seu futuro... Você não quer nada da vida!
Fico acariciando a cabeça do autor.
- Já vou.
Vai tarde Juiz.
- Boa aula, meu filho.
- Obrigado. E você, vê se faz algo da vida...
Eu faço. Não falar com juizes e vaginas é uma delas.
O autor fica lambendo alguma macha no chão que parece comestível.
- Vem cá, autor. Vamos escrever.

A Rainha de Grandes Seios deixou escorrer sangue inocente em sua lamina.
- Graças os Deuses não atrasou...

Lixo.
Lixo.
Lixo.
O autor corre com o rabo entre as pernas.
Burro só ele, pois sabe que não tem rabo.

- Alô?
- Você vai para a festa?
- Festa?
- Todo mundo vai para a festa.
- Festa?
- Ela também vai estar lá. Não te falaram mesmo da festa?
Festa?
Então musica alta e ruim invadem os meus tímpanos. Pessoas fazem algo que chamam de dançar.
Eu não sei fazer algo que chamam de dançar.
As pessoas estão bebendo.
Eu não bebo.
As pessoas estão sexualmente ativas.
Nunca fui sexualmente ativo.

- Graças aos deuses não atrasou...
A Rainha de Grandes Seios temia estar grávida do Bárbaro.
Ainda não escrevi sobre o bárbaro.

- Graças a deus não atrasou...
Conversas fúteis de meninas fúteis.
Seria legal trepar com uma delas.


- Festa...?
O Juiz chega do tribunal.
- Ficou sabendo da festa?
O autor quase bebe veneno de rato. Fui mais rápido.
- Escreva sobre o Bárbaro.

Ela também vai estar lá. O autor fez algo sobre o bárbaro? O juiz entrou no quarto com Ela.
Ela uma vez conversou horas comigo no telefone. Odeio telefone.
Ela gosta do autor. Diz que ele faz coisas legais.

O Bárbaro veio de uma terra montanhosa, onde apenas o frio governa o coração dos homens. O Bárbaro busca pelo calor de uma mulher.
De preferência com peitos grandes.


(Samuel Gois Martins) Datas diversas

Tuesday, July 26, 2005

Feitos da Fé. Feitos da Duvida.

Quantos olhos Deus, o todo poderoso, terá? Quantos ele quiser ter, essa seria a resposta mais pratica. Mas pratico não é o meu nome do meio, muito menos o do lado. Atormentado por essa duvida procurei na religião uma resposta. Infelizmente a bíblia falava muito pouco com palavras demais. Claro que não desisti. Foi assim que me tornei padre. Mas não um padre qualquer. Tem cinco crianças de nove a um ano de idade penduradas ao redor de minha cama. Dei um jeito de deixar seus olhos bem abertos. Acredito que quando tiver o numero certo de olhos ao meu redor terei um sinal. Elas são tão boazinhas que não fazem nenhum barulhinho...

(Samuel Gois Martins) 26/07/2005

Sunday, July 24, 2005

Sortudo

Gozar da sorte é um meio pouco convencional de viver, porem muito bem aceito na sociedade. Viva a sociedade, está maquina de competência e prosperidade. Guardo pedaços de grandes feitos mundiais em um baú que chamo de esperança. Outro cheio de desgraças chamo de mamãe. Claro que ela não sabe disso. Toda noite enquanto dorme levo uma dose de morfina e bisturi para guarda direitinho todas as reportagens. Sortudo. É o que sou.

(Samuel de Gois Martins) 24/07/2005

Saturday, July 23, 2005

Contando meses

Chegar cansado em casa. Tudo escuro. Sou apenas um com o chiado do aparelho de TV sem antena. Alguns meses e ainda não criei coragem para comprar antenas novas.
Com licença, eu gostaria de ver as antenas para aparelhos de TV. Só um estante. Já pensou em usar TV a cabo? E via satélite? Não obrigado. Quanto custa a antena mais barata? Você já se informou sobre as vantagens de possuir TV a cabo? Sim, já me informei. Não gostou? Gostei sim. Por favor, o preço da antena mais barata.
Cambaleando no escuro, roupas e livros jogados pelo chão. Os livros são emprestados e as roupas não conhecem água e sabão já faz algumas semanas. Tudo bem, eu não suo. Ar-condicionado o dia todo. Boca seca. Água. O telefone toca. Alô? Oi. Tudo bem. Tudo bem? Se me lembro? Hã... Sim. O que foi? Jantar? Claro que marquei. Tudo bem. Pode ser na sua casa? Vai tomar pílula? A TV esta chiando. Lembro mais uma vez da moça que não me vendeu antenas. Todo mundo tem obsessão por TV a cabo hoje em dia. Masturbo-me pensando nela. Por que elas sempre contam os meses? Treinamento pra quando embuchar. Só pode ser. Pílula o caralho. Por favor, esse ai. Dez. É que sou precoce. Proteção total, certo? Desligo a TV. Não era a gostosa do escritório. Aniversario de mamãe. Vou lavar a mão e procurar a cueca de anteontem. Por favor, um Doflex. É para mamãe.

(Samuel Gois Martins) 23/07/05

Friday, July 15, 2005

Confissões

Não vão acreditar quando entenderem que essa historia teve seu ponto zero quando uma descarga fez o dito grau de barulho que me acordaria.
- Puta merda! Há essa hora?
E o cheiro também.
A pior parte é saber que os “cuashes” irritantes eram produzidos por pedaços de massa fecal espatifando-se na água da privada
Alem de acordar irritado, por algum motivo parei para tentar descobrir que tipos de loucuras o álcool me levou na noite passado.
O primeiro choque foi saber que não estava verdadeiramente com ressaca, isso é, não havia bebido na noite passada.
Então tentei pensar no que teria me levado a não beber na noite passada.
Foi assustador entender que não recordava de nada anterior às cinco horas da tarde da noite passada. E que até este momento nada teria me motivado a me embebedar ou drogar com qualquer tipo de coisa.
Pior. Muito pior.
Pois também recordei que morava sozinho e que não existia a menor possibilidade daquelas massas fecais caindo na água da privada não serem minhas.
Conclui duas coisas lógicas que poderia explicar perfeitamente todo o paradoxo. Primeiro: poderia ter sido capturado por E.Ts e recebido uma sonda no cu. Provavelmente quem está no banheiro soltando um barro é um alienígena que ficou para me vigiar.
A segunda hipótese: eu sou um clone de mim mesmo que foi clonado aproximadamente pelas cinco horas. Enquanto eu fui soltar um barro os cientistas conspiradores teriam posto o meu corpo clonado para acorda e assim enlouquecer com o fato, então, literalmente, me matar.
Mas por que alienígenas enfiariam uma sonda no meu cu ou cientistas iriam querer que um clone de mim mesmo me matasse?
Provavelmente eu devo ser muito importante. Talvez um predestinado com super-poderes, onde apenas eu poderia me derrotar. Talvez muito bonito e os alienígenas sejam homossexuais pervertidos com fissura em por sondas no cu.
Sempre guardo uma navalha de barbear reserva na gaveta do móvel.
Dos dois casos ou me mataria ou mataria o visitante de outro planeta. Sabe, nem olhei direito para o que matei. Só sei que quando me viu falou algo como “Papai, você não já fez a barba?”.

Samuel Gois Martins 16/07/05

Tuesday, July 12, 2005

Cheiro de queimado, melodias do passado

Era uma vez quando tentei recordar daquelas canções que me ensinavam quando era criança. Uma longa e perturbadora viagem se seguiu dentro de minha mente, perdido entre diversos traumas e recordações dolorosas. Foi quando me toquei de o quanto minha infância foi cheia de problemas.
Tudo bem, afinal de contas ainda restavam as canções. As canções que ainda não consegui encontrar. Mas que tenho certeza estar escondidas em algum lugar. Nas gavetas do velho quarto, defendidas por soldadinhos de chumbo. Escondidas num canto de minha boca, loucas para sair em uma vibração de desabafo.
Onde estão aquelas velhas canções que me ensinaram quando era criança?
Dos traumas lembro tão bem...
Um deles, tomando café em uma sala olhava para mim com desaprovação.
- Quem mandou você pisar no gramado?
Olhos lábios. Falando em uni som toda sua desaprovação.
- Eu... Eu não queria...
- Não queria todos aqueles brinquedos espalhados pelo terraço também?
- Não me olhe assim!
Cheiro de queimado.
Por hora esquecer. Hora do almoço.

Samuel Gois Martins (12/07/05)

Sunday, July 03, 2005

A Longa barba do Shaolin

Mestre Tong Ling me acorda sempre às quatro da manhã para treinar.
Quatro da manhã.
Sempre associo com os seus chutes. Começa com os chutes. Amigamente associava aos hematomas. Hoje posso me esquivar. São apenas chutes.
Não.
São apenas correntes de ar.
Os olhos de Tong Ling revelam satisfação. Ele acaricia sua longa barba Shaolin e indica que eu o siga.
Eu o sigo.
Eu paro.
Seus outros alunos, alunos menores. Já fui um deles. Ataque pela esquerda. Ele ainda não pode voar. Eu posso voar. Já quase perdi meu coração uma vez. O pobre coitado perdeu.
Ele ainda pulsa em minha mão.
Tong Long me desaprova.
Argumento que vai sobrar mais comida.
Ele acaricia sua longa barba Shaolin.
Eu o sigo.

Wu Fa 03/07/2005