“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””

Saturday, December 01, 2007

assim

Estava naquela mania feia de equilibrista de cadeira de escritório, pra lá e pra cá. Pisquei e já estava no chão, com traumatismo craniano, morto.

Todos no escritório estavam tão concentrados que meu ultimo dia de vida foi bastante despercebido. E só quando a redatora, ao reclamar do cheiro pediu para aumentar o ar-condicionado, mexeu a cabeça de relance – o suficiente para perceber que não estava de frente ao computador, e sim deitado no chão, com a cadeira e sangue. Ela começou quase que rindo e dizendo “eu falei que ficar balançando na cadeira daria nisso!”, mas quando notou o sangue já ressecado atraindo mosquitos soltou um grito de pavor. Meus outros colegas de trabalho se viraram, gritaram também. O faxineiro entrou correndo na sala, me viu, e também gritou.

Acho que todos da empresa gritaram neste dia. Depois chamaram uma ambulância, apesar de já ser tarde demais. Depois dos gritos tudo até procedeu rapidamente e meu velório no outro dia fora tranqüilo. Apesar de ter pedido para ser cremado fui enterrado no tumulo da familia, junto do da minha irmã mais nova falecida. Enquanto era enterrado sentia-me frustrado, sou gordo, abuso do açúcar e poderia ter morrido por algo assim pelo menos. Pelos meus vícios, diria. Se bem que balançar na cadeira poderia ser julgado como um vício, acho. O dia estava chuvoso. Parece que são sempre assim em enterros. A terra estava úmida e soltava um cheirinho gostoso de grama com terra molhadas. Estava muito escuro dentro do caixão.

Um tanto sufocante também.