“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””

Thursday, July 02, 2009

Bebê fujão

Desgosto é pouco. Sai fazendo um rio de cuspe e vomito. Quando não restava mais nada, fui picotando meus órgãos internos e fazendo um caminho para não me perder na trilha da sanidade. As conseqüências são obvias: fiquei oco na compulsão de espalhar partes de mim por ai. Era só a fina camada de pele que sobrou cambaleando sem ossos arremessando o próprio corpo para frente, e as vezes, sendo levado pelo vento para outros lugares. Foi voando que foi parar em uma arvore onde se agarrou fincando e rasgando a pele que envolvia as mãos entre os galhos. Um couro de animal pendurado tremulando com o vento. Fiquei dias assim, até que uma mulher muito gorda apareceu. “Nossa como ela é gorda”, falou a arvore em que me encontrava. A mulher olhou para a arvore e falou “Eu era linda, mas não resisti. Segui uma trilha nojenta movida pelo desejo de beber e comer tudo que via pela frente, era vomito, sangue, órgãos e ossos. Comi tudo e cheguei aqui, o que é este couro pendurado em você?”. Então a arvore falou “Me falou que era um homem, mas tenho minhas duvidas”. A gorda então lambeu os beiços e começou a puxar minha pele sem piedade pondo em sua boca e mastigando sem parar. Me encontrei com meus pedaços dentro dela, fui me montando aos poucos enquanto ela limpava os lábios com a própria saia. Fiquei em sua enorme barriga, como um feto esperando a melhor oportunidade para fugir por sua vagina. Como um bebê fujão.

Wednesday, July 01, 2009

hoje foi hoje

Hoje foi ontem. Pisco e a barba já cresceu. Coço e sinto que já está grande. O cabelo também, tampando minha visão. O telefone toca e é Mariana. Atendo e já foi Joana. Quando desligo o celular acabei o namoro com Fátima. Vou até a cozinha mas parece que ela sempre muda de lugar. Parece que subo em um elevador, a casa vai se transformando em edifício. Na mesa da sala os boletins dos garotos, não, os diplomas, não, o convite de casamento de um deles, não, o boletim dos garotos dos garotos. A roupa vai ficando apertada, depois vai ficando magro, vou ficando maior e depois menor. Já não dou passos tão firmes, acho minha bengala encostada no video cassete, no DVD. Estou muito cansado, volto para meu quarto. A cama que era se solteiro já é de casal, e deito muito cansado numa cama de hospital. Eu me lembro de Mariana, chamo por Joana, pergunto por Fátima. A mulher na minha frente está chorando e diz "É a Claudia que está aqui". Atrás dela nossos garotos. E os garotos dos garotos. Tento lembrar do nome de todos. Mas não consigo. Não consigo mais nada. O amanhã é hoje.