“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””

Saturday, December 30, 2006

macacos

Certa vez avistei macacos atacando um bebedor escolar.
Você vai dizer que estou mentindo. É a pura verdade. Não tenho testemunha alguma além de meus dois precários globos oculares. Certa vez matei aula um mês inteiro. Não chegava nem a entrar no colégio; uma amiga já me esperava sentada lá embaixo. Perguntava se tava afim de tomar sorvete.
E íamos tomar sorvete.
Um mês tomando sorvete toda manhã. E depois, o ano ia acabando.
Essa amiga nunca mais vi; tirando uma vez na rua, quando não fui reconhecido. E teve outra vez, que fui reconhecido, num ônibus. Perguntou como se falava determinada coisa em japonês. Eu respondi. O ônibus parou e ela se foi. Quando ela precisava de mim fui reconhecido. Nesse dia entendi como são as pessoas. Não condenei. Nesse dia também tinha ido ao cinema, era sexta-feira e gostava de ir ao cinema nas sextas-feiras. Não tinha ninguém na sala além de mim – e foi o dia que entendi que estava só. Nunca falei pra ninguém a respeito dos macacos.E logo naquela hora o que eu mais queria era falar sobre os malditos macacos.

Saturday, December 16, 2006

insônia

Aparecia pela manhã. Parecia sua mãe, reclamando que ele deveria voltar a dormir, se medicar e voltar a estudar. Ele era um adolescente acabado e inconformado com o rumo das coisas, e tudo que lhe restara era uma menina que só fazia reclamar. Ele não reclamava, pois adorava seu cafuné. Estava sem dormir há pelo menos duas semanas, e ficava cada vez mais difícil distinguir a realidade dos sonhos frustrados. A chata aparecia pelo menos duas vezes por semana e perguntava “dormiu hoje?”. Ele ficava escrevendo no computador, lendo alguma coisa, vendo televisão, comendo porcaria. E quanto às noites: sempre respondia comentando a respeito de um eterno jogo de xadrez que travava com um conhecido na internet. “Acho que ganho dessa vez”. A menina fazia um olhar preocupado, diferente de qualquer outro. Ele tinha vontade de ficar sem dormir todas as noites, só pra sentir a ternura daquele olhar. “Quando ganhar ou perder vai voltar a dormir pelo menos?”. “Tenho medo do que eu venha a perder se voltar a dormir”, respondeu por fim.

Saturday, December 09, 2006

podre por dentro

Passou o dia andando, pra lá e pra cá. Era o dia mais quente do ano, e seu rosto estava avermelhado, fritando. Os olhos estavam tristes, escondidos por baixo da cabeleira. Também devia cortar o cabelo, deixar umas cartas e pagar contas naquele dia. Funcionava como um robô, sem pensar demais, apenas processando e organizando o que tinha de ser feito naquele dia. Andando lentamente, para gastar o máximo de tempo que pudesse.
Cada vez mais o rosto dele fritava.
Suor inalava um fedor incomum, como se estivesse completamente podre por baixo da pele. Já passavam das seis horas, e para demorar um pouco mais pegou o ônibus que mais rodaria a cidade. Naquele dia não havia porteiro, e esquecera a chave de propósito. Ficou encostado, esperando até que alguém chegasse para abrir a porta. Passou uma pessoa, perguntou se ele ia entrar; respondeu que não. Decidiu que esperaria sua mãe.
A mãe perguntou se ele estava bem, lhe entregou algumas sacolas e subiram o elevador. Ele ficou calado; esperando a mãe reclamar que ele deveria tomar um banho. Ela reclamou e ele foi tomar um banho. Seu rosto ardia com a água caindo. Ardeu muito mais suas lágrimas salgadas: caiam discretas enquanto tentava dormir.
No outro dia acordou e viu seu rosto todo marcado e ardido onde desceram as lagrimas. Como uma maquiagem borrada na pele, revelando o que estava podre por trás. Aquela ardência o lembrou de sua tristeza por alguns dias.
Quando o rosto estivesse normal poderia fingir que estava tudo bem.

Wednesday, December 06, 2006

exsudato e polimorfonucleares

Renato espremeu o máximo que podia, entre os dedos escorregava devido ao suor e pus. Era tão perto da virilha que uma pessoa de longe iria achar quer ele estava tentando arrancar o próprio pênis. Sua careta não mentia: doía. Doía pra caralho.
Sangue misturado com pus pregavam os pentelhos entre si, manchavam a calça com um raro vermelho amarelado esverdeado.
Parecia que nunca ia acabar.
E não acabou. Renato desistiu, foi ao banheiro, lavou bem o cacete na torneira. A pia ficou cheia de sangue e pentelhos. Mamãe sempre falava que se deve limpar a pia depois de usá-la. Renato sempre foi teimoso, e deixou a nojeira do jeito que tava.
No dicionário pus é exatamente uma mistura de exsudato inflamatório, leucócitos polimorfonucleares vivos e mortos, e bactérias vivas e mortas. Renato fechou o dicionário enojado da própria raça. Com medo de voltar ao dicionário e descobrir que porra é exsudato e polimorfonucleares. A virilha doía com o furúnculo semi-espremido, impedido qualquer ato de cunho sexual confortável.
- Alô?
- Deixa pra próxima semana, Márcia.
- Ainda é aquele furúnculo?
- Cada vez fica maior, dói e sai pus. Já to achando que é esperma acumulado por falta de sexo mesmo.
- Não duvido. Já faz quase um mês, vai num medico. Vai que é algo grave. Você pode perder seu pau, sabia?
O medico ficou olhando por pelo menos uns dez minutos. Depois começou a apalpar.
- Dói aqui?
- Você não faz idéia...
- E aqui?
Renato só conseguia responder com uma careta, pretendo os dentes, fechando os olhos, criando inúmeras rugas na testa. O medico parou de apalpar, e começou a escrever uma receita em sua prancheta.
- É algum tipo de infecção. Mas tratável. Não se preocupe.
Um peso enorme caiu da consciência de Renato.
- Compre esse antiinflamatório, evite por a mão, limpe bem com sabonete neutro e em uma semana tudo voltará ao normal.
O alivio era tamanho que no caminho de volta caíram lágrimas. Nunca chorou por ninguém. O pau seria uma aceitável exceção. Poderia ver o significado de exsudato e polimorfonucleares sem medo.

Sunday, October 22, 2006

Nirvana

O refrigerador não gela. E quando é verão piora minha alergia. Estou suando por todos os poros, bebendo litros de água e mijando toda hora. Aprendi que a vida pode ser prática. Comprei fraudas geriatricas. Cago e mijo sem ter de ir ao banheiro, Bebo litros de água. O refrigerador que esquenta me adoece. Estou quase lá para atingir o nirvana. Reflito em minha cabeça se Buda cagava e mijava durante os sete dias de meditação até conseguir o nirvana. Estamos no meu terceiro dia: mijo e merda acumulados nas fraldas. Estou quase lá.

Friday, October 20, 2006

velho senhor

Velho senhor tinha a mania de descansar o polegar sobre a testa. Depois toda a mão encontrava o rosto - e com ele se esfregava carinhosamente, o carinho do cansaço.
Logo em seguida,levantou de sua cadeira de balanço e foi até o armario tirar suas vestes. Velho senhor sempre pensava pelado, alegando que as roupas atrapalham o pensamento. Saiu pela única porta de seu quarto de encontro para o corredor - este cheio de portas. De todos eles, ao mesmo tempo, saem outros Velhos senhores. Um enfermeiro afeminado nos cortava, com copinhos de plásticos e comprimidos periódicos. O enfermeiro era apaixonado pelo Velho senhor, que já foi um grande escritor - daqueles que deixam afeminados excitadissimos.
Na sala de jantar, todos os Velhos senhores se sentam entre os simpatizantes. As panelinhas enrugadas discutem principalmente sobre o velhos tempos. Geralmente, de novo, só as jovens enfermeiras que são muito bem comentadas quando viram as costas. Vinte minutos é o tempo de jantar dos velhos senhores, depois todos voltam para o corredor, tomam mais comprimidos, e , cada um volta a ser só mais um velho senhor. Um, em especial, gosta de ficar pelado - e a meia noite tem visita especial do enfermeiro afeminado.

Sunday, October 01, 2006

Si(/e)m ponto [final]

Então estava ali, ao lado dele. As palavras faltavam - e havia como ser diferente? Sim, eles estavam ali...Três pontinhos. Sim, um, dois, três. Talvez se contar até dez. Mas numero nunca foram sua especialidade - sua especialidade são as letras. Dez letrinhas então?
- A m o v o c ê v i u !
Bem... Foram dez letrinhas, né.
Dez letrinhas. Ela não esperava nenhuma.Não sabia o que esperar. Mas sabia que a recíproca era verdadeira.
Sabia que seu coração estava sorrindo naquele dia, naquele momento. Não sabia o que fazer - limitou-se a beijar-lhe as mãos...
E ele a beija-la as mãos. Se começa pelas mãos...
[continua pelos beijos]

Friday, September 29, 2006

O Sangue de JFK

Era aquele cheiro enferrujado, roçando as narinas, angustiando o estomago, vontade de vomitar. Ficamos escondidos por pelo menos uns trinta minutos antes de notar os primeiros sinais de movimento: ruídos mecânicos rangentes fazendo ploc ploc ploc, difícil definir mas impossível de não reconhecer.

Ploc ploc ploc ploc ploc tsc tsc ploc ploc ploc

Exatamente entre os dois tsc, após um e antes do inicio de outro, corri de um galpão para o outro, imperceptível, que nem o Batman faria.
- Lembre que isso não é hq, é prosa.
- Hein?
- Você tá narrando achando que o leitor tá vendo tudo. Já destravou sua arma?
- Fique peixe.
Eu e o pequeno esperamos muito por isso. Os malditos espiões soviéticos estavam traficando corpos alienígenas de jurisdição norte-americana. Estamos em 2007 e uma boa maioria acha que os comunistas deixaram de existir. Deixaram um caralho – tão é traficando ETs.
- Lembre de descrever os soviéticos...
- Positivo.
Os comunas eram quatro, como de costume sempre andam em grupo com aqueles casacos de pele avermelhados – provavelmente banhados com o sangue de nosso amado e falecido JFK. E todo mundo por ai com medo de terroristas árabes.

Plocplocplocploc...

- Putaqueparil!
- Formos descobertos! Tão fugindo!
- Parados!
- Strogonof! – gritou um
- Filho da puta! Respeite minha mãe!
E dei uns três tiros no bigodudo mais gorducho, logo: mais lento; logo: o ultimo a entrar no disco voador; Logo: eles fugiram, mas temos um corpo para dissecar.

Wednesday, September 13, 2006

chaleira

Fiquei sentado na borda da varanda, pensando qual a sensação de cair dali. Listando quem iria ao enterro por consideração, quem iria por hipocrisia; quantas lágrimas crocodilescas seriam despejadas, se meu pai e minha mãe se abraçariam depois de anos sem se falar. Quanto seria o custo do enterro – deixaria uma carta avisando que é melhor cremar – quem sentiria saudades depois. Por quantos dias minha mãe iria chorar por mim, e meu irmão, e meu pai, e quem mais fosse. Como seria para quem descobrisse o que é me perder de verdade. Deleitei-me, sentindo o vento frio da varanda chegando ao meu rosto. Escutei a chaleira apitando, fui até a cozinha tomar meu chá.

inverno nuclear

Era uma vez uma marionete. Daqueles de madeira, com cordinhas prezas ao corpo como os que se vê por ai. Nessa vez, não tínhamos mais ventríloquos, para dar voz ao boneco. Ele ficava pendurado, entre coisas velhas sem nome, talvez sonhando encontrar uma fada azul, tal qual Pinóquio. Talvez sonhando em ver aquelas cordas que estrangulam seus membros sumirem, de sentir calor em seu corpo, aprender a respirar e ter brilhos em seus olhos. Um dia alguns mendigos invadiram aquele lugar, assim como as coisas lá jogadas, não tinham nome. Era um inverno nuclear e tudo que fosse madeira ajudaria numa fogueira.

Monday, September 11, 2006

Conspiração do Divã

Dizem por ai que o tempo tudo cura. Não acredito nisso. Para mim o tempo é como um analgésico, ele pode até adormecer a dor, mas o problema ainda existe. Não acredito que buscar uma solução imediata para tudo – e a todo custo - muitas vezes pode ser um defeito. Arrependi-me, na vida, muito mais do que não fiz, ou deixei para depois, do que as coisas que fiz. Claro que o tempo tem sua importância, tal qual o analgésico. Mas não deixo de achar que a invenção de falar que “o tempo tudo cura” é coisa dos analistas, psicólogos, psiquiatras e escritores de livros de auto-ajuda. Afinal de contas só os procuramos quando temos algum problema há muito esquecido e não mais sentido – mas que de alguma forma está afetando as nossas vidas. Eis a grande conspiração do divã: o tempo.

Friday, September 08, 2006

Vaga-lumes e Girassóis

Há muito tempo atrás; quando sequer tinham inventado o tempo, dia e noite eram desculpa para existirem vaga-lumes e girassóis; uma tribo nômade enviou o mais velho dos mais jovens para seu rito de passagem rumo a maturidade social – batizado de Iuooi.
O jovem franzino de pele amarela, com cabelos ruivos e olhos verdes, com seu corpo nu e coberto de pinturas rituais é deixado a sós com o líder espiritual que lhe diz “Você vai enfrentar três desafios, meu jovem. Entregarás teu coração para alguém, e sera como nascer de novo. Mas depois essa pessoa ira quebrar seu coração, e sera como morrer de novo, o segundo desafio”. “Qual o terceiro desafio?”, pergunta Iuooi tremulo. “Sobreviver para que outra pessoa possa quebrar seu coração novamente.”. O garoto engoliu seco, seus testículos suavam e oscilavam demonstrando o quão tenso e assustado ele estava.
“Não fique com medo, rapaz. Todos passam por isso e boa parte sobrevive.”. “E o que acontece com quem não sobrevive?”, pergunta, por fim, Iuooi. “Torna-se um líder espiritual”, suspira o velho.

Thursday, August 17, 2006

futurO

.
Sinto o cheiro das palavras se aproximando de meus olhos. A verborragia digital explode em segundos e por um momento fico atordoado sem saber exatamente sobre o que é tudo isso. Logo tudo recupera seus valores morais e sociais.
- Bem vindo ao futuro - Minha secretaria comenta.
Logo descobri que passei por uma viagem no tempo devido há um fenômeno meteorológico gramatical, quando os planetas se alinham com o grau certo no momento certo com a tinta certa escrevendo as letras na ortografia e caligrafia definidas.
E como é incrível o futuro este que fui. Nunca pensei que teria uma secretara.
Tudo é muito rápido, menos o pensamento que se tornou a mais obsoleta das tecnologias. Então assim como não desgrudamos mais de celulares e computadores, os “pensadores” são a grande nova tecnologia. E diálogos como “O meu pensa a dez ponto giganeurônios por segundo, e o seu?” “Há, o meu é modelo antigo, não sei quando terei grana para pensar mais rápido”. Os pensadores recebem toda a informação fluida da rede. As pessoas conversam por telepatia, assistem filmes fechando seus olhos e escutam musicas apenas de lembrar o nome ou numeração da mesma no banco de dados. Os escritores não mais escrevem, apenas imaginam suas histórias e poesias na cabeça e recebem créditos neurôniais cada vez que as pessoas querem ver suas obras.
E eu descobri tudo isso apenas em milésimos de seguindo, pois meu pensador é de ultima geração. Isso é um pesadelo. Fico tonto, meu cérebro não está acostumado, cambaleio e acordo na frente de minha prancheta. Sinto uma caneta entre meus dedos, passo os dedos sobre o papel e quase choro ao sentir sua textura. É noite e fico com medo de dormi, pois todo amanhã é um passo a mais para aquele futuro medonho. Escreverei bastante, antes que palavras e pensamentos fiquem obsoletos.

(Samuel Gois Martins) 17/08/2006

Sunday, May 21, 2006

Uma carta de amor

Desenhar pensamentos, sons e sentimentos de longe é uma coisa simples. E o escritor – esse canalha – de tanto falar-se sonhos medos esperanças, acabou desaprendendo a ser sincero com as letras. Então bem sabemos que não é uma tarefa fácil, simplesmente quebrar regras em falar ‘eu te amo’ quando o correto é amo-lhe. Talvez ninguém diga amo-lhe porque seguir o jeito certo é seguir a lógica. E o amor não é lógico. A partir daí achamos um paradoxo: como escrever, mediante tantas regras e ordens nas letras, sobre o amor? Os poetas bem agraciados acharam uma alternativa que se baseava em simplesmente quebrar as regras – chutar o pau da barraca – jogar tudo pro ar. Mas o amor também não é revolução. O amor – pasmem meus amigos – é uma regra. A primeira regra de todas. A primeira etapa das primeiras coisas. Do amor surge tudo. Da vida até a morte. Do material ao espiritual. Do cientifico ao religioso. E agora, quando comecei esse texto com a palavra ‘desenhar’ nunca imaginei que ficaria tão confuso com minhas próprias palavras. Como falar sobre o amor? Talvez levar em conta uma idéia maravilhosa. Devemos pensar melhor na primeira palavra. E depois? Depois viria A palavra. Sim, a que foi feita para a primeira. Se o amor é regra, e dele vem o inicio. É assim que tem de ser. E como o amor não é lógico, deveria eu usar da metáfora – apreciável figura de linguagem – para tentar: Ele – amor – existe. Sabe... Existe sim. Em primeiro lugar quero que saiba que existe. Não importam as provas do contrario. Continuo a crer que existe. Em todos os lugares, mas, em especial, no seu perfume. Não fui eu que cultivei o jardim. Ele já estava aqui quando cheguei. Mas pelo menos para mim a graça deste enorme adorno é o seu perfume. Sua cor. Sua beleza. Ali em um cantinho. Escolhi me sentar para proteger. Aguar com um regador sempre que ver que estas com sede. Às vezes bate uma fome ou um sono. Mas não vou fechar meus olhos. Quero que cresça e fique cada vez mais... Mais e mais. Estou feliz em estar aqui sentado. Escrevendo isso. O sol forte acompanha um céu azul limpo e belo. Mesmo assim acho que vai chover e vou com minhas mãos proteger das gotas fortes. Não quero mais sair daqui. Do seu lado. Você entende? Espero não está incomodando com a minha sombra. Algo mais ou menos assim que eu falaria sobre o amor. Sim, e existe a coisa da poética revolucionaria modernista – claro, nunca esqueçam esse detalhe – revelar que esse texto é só para você, sem dizer isso claramente, entende? Talvez relacionar com as forças da natureza, como quando conversei com o oceano a seu respeito, para tomar coragem, levar uma flor branca e dizer que te amo no primeiro dia que te beijei. Agora vou roubar o que um outro colega escritor falou a respeito de sua amada, eu o invejei tanto quando ele teve essa idéia. Imagine que voltei para o oceano para falar sobre você, e agradecer pela motivação. E trocamos historias. O mar falou de sua grandiosidade, sua imensidão, toda a vida que o habita.
Eu falei sobre você. E o oceano ficou com inveja.
E depois de escrever tanta ladainha pseudo-literária, resta apenas usar o clichê da quebra de regra gramatical dizendo eu te amo e não terminando isso com um ponto final, pois quero que seja infinito

(Samuel de Gois Martins) 21/05/06

Saturday, May 06, 2006

Xixi na cama

Cabrum, fez o trovão. Cabrum. Seguido de exclamações. Sim, e tinha os relâmpagos. Os malditos relâmpagos. Eu estava debaixo do cobertor. Chorando. Com medo. O mundo parecia estar acabando. A luz que saia das janelas clareava todo o quarto e criava sombras zombeteiras a partir de minhas bonecas cuidadosamente arrumadas no armário.
Cabrum.
É o fim do mundo. O mundo esta acabando. Já estou até imaginando os cavaleiros do apocalipse cavalgando pelos céus. Os mortos voltando à vida. A cama úmida. Fazia anos que não fazia xixi na cama. Trinta anos. Mais ou menos. Cabrum.
E chegaram os Greys.
Os Greys são humanóides magros e cabeçudos com pele cinza e profundos olhos negros. Eram cinco, ao redor de minha cama. Eu reconhecia a sombra deles por baixo do cobertor. Cabrum.
Não conseguia escutar eles falando. Claro que não. São telepáticos. Apenas via-os gesticulando entre si. Deviam pensar em algo como “As pernas ou o cérebro?”. E o pior é que chegaram a alguma conclusão. O terceiro da esquerda para o do meio entre os cinco pôs as mãos na cintura e assentiu com a cabeça. “O cérebro, claro”. Cabrum. Dessa vez a luz foi tão forte que todas as sombras sumiram. Os Greys sumiram. Todos os cinco. Talvez o cheiro de xixi os tenha espantado. Cabrum. Talvez.

(Samuel Góis Martins) 06/05/2005

Thursday, May 04, 2006

Paraíso

Sentia o sangue escorrendo pelos dedos dos meus pés junto com edema preto. O tato foi sumindo até que dar conta que estava morto. Enxergava meu próprio corpo ferrado na cama. Sem parentes ou putas para sentir falta de alguma coisa. Sem ter onde cair morto eu morri. Não tinha luz, nem trevas, nem anjinhos com bunda de bebe e pinto pequeno. Não tinha Deus reclamando ou São Pedro. Simplesmente sai pela porta da frente do apartamento. E não foi atravessando-a. Desci a escada e peguei um ônibus especial muito desconfortável. Lá dentro o cobrador ainda pedia duas pratas.
- Pode ser vale de estudante?
O cobrador olhou feio pra mim.
- Você já morreu porra. Da as duas pratas. Como acha que pago a gasolina dessa merda?
Engraçado, pois só tinha duas pratas na carteira.
- O que acontece quando não temos duas pratas?
- Só tem quem merece.

(Samuel Góis Martins) 04/05/2005

Tuesday, April 18, 2006

Os três, treis e 3

Os moleques, como moleques que são: negrinhos, de pouca idade, ao mesmo tempo no futuro patifes velhacos e canalhas; diabinhos filhotes de surubim. Correm com laranjas, mangas e outras bem abraçadas entre seus braços. Desesperados porque bem escutavam o senhor, seu Jorge, com seus cachorros, a cuspir palavras de má fé e os latidos palavreados já conhecidos por toda vizinhança. Pobres os meninos, que são três, 3 e treis, sendo no total: nove; irmãos e órfãos seja de quem for. Mas ainda são, tanto que sabem roubar frutas para saciar a fome, seja qual for. Os que sentem fome de educação comem da goiaba para contar dos caroços que lhes engasgam; os que pedem carinho chupam da manga doce e rosa sonhando o leite da mãe que não vem; os que simplesmente querem comer não sente gosto e comem tudo, casca caroço, rosa, leite e azedo. O que pude encher a barriga, até de palavras se possível. Juquinha, o mais novo entre os três, do meio dos 3 e mais velho entre os treis é faminto por palavras. As come vorazmente. Pior que os outros comem frutas, carinho ou matemática. Juquinha tem duas bocas, que são seus olhos, muito bem aprendidos na arte de comer palavras. No início ele bem lembra que se engasgava com algumas letras e consoantes. Hoje são textos enormes, matérias, livros que com aquelas duas bocas castanhas devoram alegremente. Diferente de sues irmãos, Juquinha tem nome, leu em algum canto e gostou. Chegou para os seus e falou “agora me chamem de Juquinha”, os outros riram, mas aceitaram a estranheza de seu irmão, pois gostam muito dele. E de quando toda noite lê algumas histórias presenteando sonhos. Os sonhos são melhores que lençóis e um teto e aquecem mais que a fogueira. Fora que, negrinhos como são se acolhem com a noite e se forram nas estrelas. Amanhã chegam os morangos na barraca de seu Jorge, e os meninos estão curiosos.

(Samuel Góis Martins) 18/04/06

Thursday, March 23, 2006

Verão, esperanças...

É um clima seco de verão, com poucas esperanças e garotas desfilando com sua falta de amor próprio. Renato está sentado na calçada de sua casa a espera de seu pai. Adriana põe as roupas no varal enquanto limpa o suor de seu rosto. E tem vários outros e outras fazendo algo ou nada naquela rua abafada pelo clima seco do verão, com poucas esperanças e garotas desfilando com sua falta de amor próprio. A vizinha de Renato é Miss do bairro agora deu para tomar sol de biquíni e faixa de miss no quintal. O irmão mais novo de Renato que se delicia com isso, pois é bem treinado na arte de subir em arvores e espionar os vizinhos. O irmão de Renato, Juliano, encima da arvore também se delicia com refrigerantes gelados e o clima seco de verão, com poucas esperanças e garotas desfilando com sua falta de amor próprio. O pai de Renato esta chegando de carro, mas não sabe os dois irmãos e a esposa dedicada Fátima que no porta-luvas do carro existe uma arma. Sua testa desliza suor, seus olhos, lagrimas. Ele já avista seu filho Renato na calçada sentado, é um bom filho. Ele também nota sua admiração pela casa da frente, com aquela garota, Adriana, pondo roupas no varal. Por um momento ele lembra de como conheceu Fátima, numa lanchonete limpando a mesa dela. Ele era o garçom. Quando chega mais perto percebe seu outro filho, Juliano, provavelmente espionando a vizinha maluca. Garotão. Renato sorri para Adriana. Adriana sorri para Renato. Ele pensa “é aquele clima seco de verão, com poucas esperanças e garotas desfilando com sua falta de amor próprio”, e sorri. Fátima acabou de preparar o almoço galinha empanada, o favorito de seu esposo. Grita por seus dois filhos, Renato e Juliano. Na mesa senta Juliano e seu pai. O pai manda Juliano lavar as mãos. Ele esperneia um pouco, mas vai. Fátima senta a mesa.
- Onde está Renato? – pergunta Fátima.
- Deixa o menino... – fala o pai com um sorriso escondido no hemisfério esquerdo dos lábios – A propósito, eu vi o senhor, seu Juliano, espionando a vizinha de novo.
Juliano fica vermelho.
- Que pouca vergonha...
Mas não falam mais nada. Eles comem em silencio satisfeitos. Entendem que é aquele clima seco de verão, com poucas esperanças e garotas desfilando com sua falta de amor próprio.

(Samuel de Gois Martins) 23/03/05

Saturday, March 18, 2006

Carta para a xamã

Excelentíssima Senhora,

Eu soube daquelas histórias antigas que sua mãe contava

O ângulo de visão era suficiente para notá-la escrevendo em sua caderneta. E tinha o skizh skizh do grafite sobre o papel que sutilmente canta

E soube que toda a noite ela olhava cenicamente para a janela. Quando existia uma lua para se ver. Ela apontava com o dedo e falava

- São os anjos em uma espaçonave circular!

E você como a criança que era

- Mamãe! Os anjos! Como é lindo o brilho daquela espaçonave!

Skizh skizh skizh

“brilho daquelas espaçonave exclamação...”?


Proseguindo... E quando existiam apenas estrelas. Ela traçava herói se monstros a guerrear nas estrelas. Essas histórias que ela escutou de sua avó. Você lembra dos trovões?

Skizh...

- Mamãe! Os trovões!
- São os anjos e as estrelas festejando mais uma batalha ganha... Venha, vamos comemora também! Fazer brigadeiro!

E você pulava toda alegre atrás de sua mãe. Eu soube de tudo isso...

E então paro para olhar aquela grande vidraça de meu escritório. Esta quase de noite, e a espaçonave já inicia sua patrulha nos céus... Parei sim, para retomar o fôlego e segurar as lagrimas.

top top top... som do lápis nervoso sobre a escrivaninha. Ela deve esta imaginando se vai receber hora extra.

Excelentíssima senhora, seus filhos a invejam e guardam rancor. Eles não possuem está lembrança que você tanto deleitou. Não desperdice os dias, está noite teremos chuva. Por que não comemora com eles um pouco? Tire alguns dias de folga para contar todas as historias sobre a lua, o sol, as estrelas e nuvens. Seu aumento sera garantido, e não contesto nada de sua maravilhosa competência. Ponto.

Skizh.

Friday, February 03, 2006

Código a

tim tim tim ta tum ta ta tim tum
- Alô?
- Preciso de ajuda. Rua dois. Numero três. Terceiro andar. Apartamento 1200.
clic
Olho o relógio.
14h
233 1200
- Alô?
- Rua dois. Numero três. Terceiro andar. Apartamento 1200.
- O que aconteceu?
- Precisam de ajuda.
- Rede elétrica?
- São duas da tarde, homem!
- Limpeza de pia...
clic.
tim tim ta tum
- Alô?
- Ele esta vindo?
- humhum...
- Isso é sim ou não?
- É um humhum.
- Ok. Muito obrigado.
- Disponha.
clic

Samuel Gois Martins 03/02/06

Wednesday, February 01, 2006

Bolas bem grandes

Eu gostaria de duas bolas bem grandes.
Como os seios da mamãe.
Como os testículos de papai. Eu lembro bem...
- Seu filho de uma...!
- Não ouse falar isso – ameaçou mamãe.
Então papai se calou e ajoelhou. Sentindo dor. E depois disso ficaram enormes. Papai andava como um pingüim. E também se vestia como um. Era o alto executivo de um banco de renome.
- Eu gostaria de duas bolas bem grandes.
- Mãos pra cima!
É ironia o seu filho se tornar um assaltante profissional de bancos.
- Eu tenho um refém e quero duas bolas bem grandes! – e bota profissional nisso. Papai ficaria orgulhoso.

(Samuel Gois Martins) 1/02/06

Thursday, January 12, 2006

Café

medicamento genérico
paracetamol
quatro unidades
falta um
a noite passada foi horrível não faço idéia do que fiz só sei que a ressaca ta grande
saio da banheira e vou até meu quarto
no meu quarto estão as mesmas roupas de sempre e sempre as mesmas roupas que visto
não tenho carro então sobra o ônibus
chego atrasado lá se vai o ônibus
duas horas esperando
preciso de café
vou para ao café mais próxima
café quero café
não temos café
não tem café em um café
não
eu quero café
gostaria de água com gás
não eu quero café
e sorvete
café
café faz mal sabia
isso é um café seu bosta
não venha com ignorância senhor sou um homem trabalhador honesto que merece respeito
café
não temos café
vai se foder
e saio da cafeteira sem café
sem café
paracetamol agora restam dois
consigo perder o ônibus de novo
merda
disco para o trabalho
tenho um celular
alô
caralho é você
sim sou eu
lembra de ontem
não
caralho
o que foi
foi foda
imagino
foi mesmo
foi
é
eu vou chegar atrasado
tudo bem se fosse eu não vinha aqui nem tão cedo
por quê
depois de ontem...
porra o que teve ontem
você não lembra
já disse que não lembro
foi foda
você já disse
você comeu a esposa do patrão na frente dele
hsg
Isso mesmo
a esposa
sim
do patrão
na frente dele
é
caralho
falei que foi foda
caralho preciso de café
volto para o café sem café
porra eu preciso de café
você de novo já falei que não temos café
porra por favor
saia do estabelecimento senhor
café
puxo um palito de dentes e aponto para o pescoço do balconista
café porra
você não pode me matar com isso
café
eu já ativei o alarme a policia esta vindo
eu quero café
parado parado
café
prendam esse maluco
saio correndo levo um tiro na perna tudo bem não gostava daquela perna
me arrasto até o ponto de ônibus
os policiais vêm atrás de mim
perdi o ônibus novamente
parado
parado
levanto minhas mãos
onde está a arma
solto o palito de dentes
puta que pariu
é um psicopata maldito
com um palito de dentes
que horrível
é desumano
desumano
eu quero café
sou preso em algemas e chutado para um camburão
eu só queria café
e lembrar se a esposa do patrão era gostosa

(Samuel Gois Martins) 12/01/2005

Sunday, January 08, 2006

E tudo começa outra vez

- Vejam!
- É um pássaro?
- Um avião?

Um suicida. O vento batendo no meu rosto, a sensação de descobrir a textura das nuvens. O sol sempre nascendo quando vou um pouco mais para o leste...

Falido. A esposa me abandonou com um palhaço de circo. Meu filho se tornou um viciado. Quais motivos eu terei para continuar vivo? A vida é uma bosta. Sempre foi. Nunca tive amigos de verdade, sempre odiei tudo que fiz, meus pais me tratam como um lixo. Provavelmente eu realmente seja um lixo.

Fechou os olhos e pulou. O vento batendo no rosto.

- Vejam!
- É um pássaro?
- Um avião?

A sensação de descobrir a textura das nuvens.

Já estou morto? Abro meus olhos. Se isso é estar morto já o deveria ter feito há muito tempo. Estou centenas de metros do chão. Voando. Belisco meu braço. Concluo que aquilo tudo é bem real. Seria uma segunda chance? Há quanto tempo posso voar e não sabia? Será que toda vida eu tinha este dom e nem reparei?
- Sempre reclamando de tudo...

- Vejam!
- É um pássaro?
- Um avião?
- Não!
- Só não vai dizer que é o super-homem né!

O sol sempre nascendo quando vou um pouco mais para o leste... E tudo começa outra vez.

(Samuel Gois Martins) 08/01/06
*nota - Originalmente é roteiro inspirado na obra Superman – Identidade Secreta, de Kurt Busiek e Stuart Immonen. Como um quadrinho permite mais de um foco narrativo acabei escolhendo manter os três focos narrativos no texto, mesmo que fique estranho.

Friday, January 06, 2006

É mulher?

A tampa do esgoto voou pra longe, de lá saiu um italiano. Pensei logo no Mario. Ele estava armado com uma lança tribal africana e gritava asneira sobre Mussolini. Eu tinha um 38 no bolso.
- Desculpe... Mas eu amo outro.
Não demonstrei nenhuma emoção.
- Você me traiu?
- Não! Eu juro que não! Por isso vim abrir meu coração para você. O respeito demais... É como um irm...
- Não diga essa palavra. Por favor.
E sai do bar.
Ai a tampa de esgoto voou pra longe. Mario africano anarquista. Mussolini. E eu doido pra matar um hoje. Tirei a arma e apontei para o idiota. Ele começa a chorar. Solta a lança no chão. Senta-se na quina da calçada e chora cada vez mais. Meu coração amolece.
- É mulher?
E ofereço um lenço para ele.

(Samuel Gois Martins) 06/01/06

Thursday, January 05, 2006

Guerra

Os patos decolaram para longe. O comandante aparentava ter herpes. O rio ondulou durante a decolagem. Por sorte não se enroscaram nas pipas. É um dia de verão qualquer em algum lugar. Onde está Juliana? Joguei uma pedrinha no rio.
Ondas. Os patos decolaram com o susto. Decolaram para longe. O comandante tinha uma plumagem esquisita, lembrando meu pai com herpes. As pipas estavam aos montes, por sorte não se enroscaram entre si. E nem enroscaram nos patos.
- Desculpe o atraso!
Juliana.
- Onde você estava?
- Estava terminando a cesta do piquenique.
- Tudo bem...
- Está preocupado com o seu pai?
- Guerra.
- E ele é o comandante...
Lembro do pato. Lembro do herpes.
- Você tem problemas com herpes, Juliana?
- Deus! Não! Eu sou virgem...
Olho bem nos olhos dela. Ela é virgem. Os olhos de uma virgem. O rio ondula. Os patos já estão bem longe. Jogo outra pedra. Mais ondas. Herpes.
- Esta duvidando de mim?!
- Não é isso. Hoje é um dia estranho.
- Como assim?
Jogo outra pedra.
Ondas.
- Sonhei com o meu pai.
- Você precisa se libertar do fantasma de seu pai...
- Mas ele pode não está morto.
- Estamos em guerra! Ele foi para morrer. Se ele voltar, ele vai estar de varias formas, menos vivo...
- Ele ainda vai ter herpes?
- Talvez coisa pior. Sabe-se lá o que solados solitários fazem nesses lugares...
As pipas se enroscam. Jogo outra pedra. Ondas.
- O comandante deve está indo para o sul...

(Samuel Gois Martins) 05/01/06

Monday, January 02, 2006

Óculos

Que mundo horrível, é o sem meus óculos. Pois foi sem eles que acabei entrando em uma selva escura, e rezei para não ter que ser salvo por Virgilio nem cair no quinto dos infernos. Na verdade cai no quarto dos infernos, o do meu irmão, cheio de pôsteres de mulheres nuas, bandas de rock e cheirando a masturbações e cigarros escondidos. Enquanto isso me perguntava a respeito dos óculos.
Na hora do almoço, mamãe serve todos os pratos com todos os temperos possíveis que provocam alergia em papai. Ela tem feito isso nos últimos sete anos. Papai fica sentado olhado para todos com cara de perdedor. Fica olhando para o prato vazio em silencio. Parece que alem de não deixa-lo comer, obriga-o a fazer sexo com ela todas as noites. Papai esta ficando cada vez mais magro e doente. Sem meus óculos ele parece apenas uma coisa branca e marrom. Mas uma coisa branca e marrom digna de pena. Isso sim. Meu irmão não veio almoçar, saiu com os amigos. Mamãe esta sorridente hoje. Deu-me os parabéns pelas boas notas e mais uma vez perguntou se sou homossexual, alegando que não possui nenhum preconceito. Informei que era neo-nazista e que não admitiria perguntas como aquelas. Ela sempre ri, acha que estou brincando. Devia olhar mais o porão. Sim! O porão! É lá que deixei os óculos!

(Samuel Gois Martins)02/01/06