“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””

Sunday, January 30, 2005

Lagrimas de sonho

O chão coberto de asas de borboletas.
Deixem-me em paz.
Agarro com força o cobertor, rasgo-o. E antes de recuperar o primeiro fôlego descubro que estou distante do perigo.
- Mas ainda escuto alguém chorar.
- Talvez não seja você que esteja chorando?
- Talvez. Quem é?
Ainda estou deitado, procurando com as mãos o tamanho do estrago que fiz no cobertor. Quem esta ai?
E na minha frente noto um pequeno, quase imperceptível brilho. É uma borboleta quase microscópica. Quando estou perto de desmaia devido a baixo oxigênio no cérebro costumo ver coisas assim.
- Mas não sou um sintoma de que breve vai desmaiar.
- Então o que é?
- O chão estava coberto de asas de borboletas, meu amigo. Você esperou demais.
- Talvez. Quem esta chorando?
E caio novamente num sono.

Samuel Gois Martins 31/01/2004

Saturday, January 22, 2005

Contradição

Algumas pilhas de livros atrás me lembro das cores aberrantes da camiseta que ela estava usando. Nunca fui muito ligado em moda, mas se aquilo é bom gosto dou graças a deus por estar fora de moda. Ela suspirou com honestidade após o longo gole de água. Realmente estava bem quente.
- O que você tem lido nos últimos dias?
- Na verdade cabei de comprar sete livros para suportar esse verão.
- Ta quente mesmo. Obrigado pela água...
- Só estava de passagem?
Já estou no quinto livro e esse momento não sai da minha cabeça. Assim não vou sobreviver ao verão. Devia ter gastado a grana com um ar-condicionado.
- Na verdade eu queria conversar com você...
- Fique a vontade.
No romance de Bolt, o personagem principal entrega um cálice para sua amada. Ele quer fazer uma espécie de casamento simbólico. E daí ela falou a respeito do namorado.
- O que será que devo fazer? Eu acho que não temos mais muito futuro...
A mulheres pensam demais no futuro. Essas coisas são bem comuns no romantismo, apesar de não ser lá grande fã do romantismo estou gostando do romance.
- Mas você não se sente bem com ele hoje em dia?
- Sim... Mas...
Acho que o personagem principal poderia ter um ar nobre menos forçado. Mas quem sabe isso seja alguma tipologia do personagem que poderá ser explicada no decorrer do livro. Mas...?
- Bem... Não entendo de romances.
Eu entendo muito bem de romances. Em especial dos escritos por T. Bolt. Mas definitivamente...
- Mas você sempre observou isso desde o começo. Você sabe... Digo... O que você acha?
Não gosto de romantismo.
- Eu acho que você esta pensando demais. E acho que num romance não existe lugar para cabeça e sim para coração.
Mas concordo que escritores românticos têm que pensar muito antes de escrever essas coisas. É uma arte se tratando da observação no gosto de seus leitores. A cabeça é realmente importante num romance.
- Você acha isso?
- Acho. Mas não sei.
- Como assim?
O final não foi lá grande coisa. Espero que o próximo livro compense. Ta muito quente...

(Samuel Gois Martins) 22/01/2005

Friday, January 07, 2005

Convincente

Perco-me ao observar as listras que se estampavam na camiseta dela. Talvez seja uma estratégia, tipo para não acharem seus seios. Mas mirei logo neles, isso ai, eu jogo sujo. E quem disse que eles não estavam lá? Estavam sim. E como estavam. Elevo minha mão direita.
- Prazer em conhecê-los...
- Como?
- Prazer em conhecê-la.
- Prazer... E ai, preparado?
- Quer fazer sexo comigo?
- Desculpe...
- O que foi agora?
- Você não é...O meu tipo.
- Não sou o seu tipo ou não sou bonito o suficiente?
- Bem...
- A função da beleza é apenas de exibi-la para outras pessoas. No final das contas tudo isso termina mesmo é em uma boa trepada. Então tudo que você vai aproveitar de um homem, bonito ou não, é o seu pau. Não sei se o meu é algo de lá grande potencial. Nunca o botei a prova num relacionamento a dois. Repito, a dois. Mas um cara bonito talvez também não... Então no final das contas... Por que não se ninguém ficar sabendo?
- É...
- Acho que to preparado sim. E você, ta preparada?
- Não sei se estudei o suficiente... Mas vamos ver no que da.
- Vamos sim. Hoje à noite?
- Leve a camisinha.
Que peitos, meus amigos. Que peitos!

(Samuel Gois Martins) 07/01/05

Saturday, January 01, 2005

Ilógica segmentada

Carros de policia. Chiclete na calçada. Gritos de garotas. Vestidos verdes e laranjas, todos vermelhos. Aquela risadinha. O cego toca saxofone. Taxistas cheirando cocaína. Uma velhinha e seu cachorro.
- Tem dois pingos.
- Trema...
- Como?
- É um trema! – e saca seu 38.
Bang, bang.
- Parada!
- Meu vestido!
- Você escutou alguma coisa?
- Snif. Hã?
- Au Au!
E chegou no asfalto.

(Samuel Gois Martins) 02/01/2005