“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””

Thursday, March 23, 2006

Verão, esperanças...

É um clima seco de verão, com poucas esperanças e garotas desfilando com sua falta de amor próprio. Renato está sentado na calçada de sua casa a espera de seu pai. Adriana põe as roupas no varal enquanto limpa o suor de seu rosto. E tem vários outros e outras fazendo algo ou nada naquela rua abafada pelo clima seco do verão, com poucas esperanças e garotas desfilando com sua falta de amor próprio. A vizinha de Renato é Miss do bairro agora deu para tomar sol de biquíni e faixa de miss no quintal. O irmão mais novo de Renato que se delicia com isso, pois é bem treinado na arte de subir em arvores e espionar os vizinhos. O irmão de Renato, Juliano, encima da arvore também se delicia com refrigerantes gelados e o clima seco de verão, com poucas esperanças e garotas desfilando com sua falta de amor próprio. O pai de Renato esta chegando de carro, mas não sabe os dois irmãos e a esposa dedicada Fátima que no porta-luvas do carro existe uma arma. Sua testa desliza suor, seus olhos, lagrimas. Ele já avista seu filho Renato na calçada sentado, é um bom filho. Ele também nota sua admiração pela casa da frente, com aquela garota, Adriana, pondo roupas no varal. Por um momento ele lembra de como conheceu Fátima, numa lanchonete limpando a mesa dela. Ele era o garçom. Quando chega mais perto percebe seu outro filho, Juliano, provavelmente espionando a vizinha maluca. Garotão. Renato sorri para Adriana. Adriana sorri para Renato. Ele pensa “é aquele clima seco de verão, com poucas esperanças e garotas desfilando com sua falta de amor próprio”, e sorri. Fátima acabou de preparar o almoço galinha empanada, o favorito de seu esposo. Grita por seus dois filhos, Renato e Juliano. Na mesa senta Juliano e seu pai. O pai manda Juliano lavar as mãos. Ele esperneia um pouco, mas vai. Fátima senta a mesa.
- Onde está Renato? – pergunta Fátima.
- Deixa o menino... – fala o pai com um sorriso escondido no hemisfério esquerdo dos lábios – A propósito, eu vi o senhor, seu Juliano, espionando a vizinha de novo.
Juliano fica vermelho.
- Que pouca vergonha...
Mas não falam mais nada. Eles comem em silencio satisfeitos. Entendem que é aquele clima seco de verão, com poucas esperanças e garotas desfilando com sua falta de amor próprio.

(Samuel de Gois Martins) 23/03/05

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