Toc, toc, toc. Despertar. Da para escutar o rangido de cada fio de cabelo se esfregando sobre minha cabeça. Cada um. E meus tímpanos choram a cada ruído. Cada um. Ressaca. Ressaca? Parece ressaca. Nunca bebi na vida. Dói. A cabeça, os olhos, a coluna, meu braço esquerdo. Tudo, tudo, tudo. Dói demais. Parece ate à tristeza... Toc, toc, toc. Dor. Minha cara afundada sobre um travesseiro. Mascara de dormir? Nunca usei isso na vida. Uma no meu rosto. Onde estou? Nu? Estou com pijama. Só bermuda. Esta quente. Febre? Remédios? Que lugar é este? Como será que ela esta? Ela? Quem é ela? Ela esta do outro lado. Toc, toc, toc. Ela despertou? Mãos sobre os olhos, sono, calor. Dor. Tristeza. Nesse aposento não tem nada. Só uma cama. E eu. Toc, toc, toc.
- Já vai...
Cambaleio. A jornada ate a porta parece eterna. Toc, Toc, Toc. Eu tenho lembranças dela. Mas sei que nunca a vi. Sei o seu nome. Mas nunca o pronunciei. Sei o que sinto por ela. Mas nunca senti isso. Toc, toc, toc. A maçaneta é quente. Eu esperava o frio do ferro. Ela parece ser de ouro. Esta quente. Minha mão também esta quente. Tudo. Tudo esta quente.
Mais um rangido. A porta se abre. Lá estão os olhos dela. Eu os encontrei. A dor parece diminuir. Olho bem para ela e reconheço todos seus atributos. Olho para trás dela. Ela esta lá. Ela esta dormindo, numa cama como a minha. Usando uma mascara de dormir. Como a minha. Escuto o respirar atrás de mim. Estou lá. Realmente. Nesta sala apenas estou eu e a cama e eu. Ela caça meus olhos. Meus olhos agora já não me pertencem. Ela esta suando. Eu também.
- Estou sonhando... – Ela fala.
- Fico feliz de estar em seus sonhos.
(Samuel Gois Martins) 30/12/2003
“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””
Wednesday, December 29, 2004
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment