Que mundo horrível, é o sem meus óculos. Pois foi sem eles que acabei entrando em uma selva escura, e rezei para não ter que ser salvo por Virgilio nem cair no quinto dos infernos. Na verdade cai no quarto dos infernos, o do meu irmão, cheio de pôsteres de mulheres nuas, bandas de rock e cheirando a masturbações e cigarros escondidos. Enquanto isso me perguntava a respeito dos óculos.
Na hora do almoço, mamãe serve todos os pratos com todos os temperos possíveis que provocam alergia em papai. Ela tem feito isso nos últimos sete anos. Papai fica sentado olhado para todos com cara de perdedor. Fica olhando para o prato vazio em silencio. Parece que alem de não deixa-lo comer, obriga-o a fazer sexo com ela todas as noites. Papai esta ficando cada vez mais magro e doente. Sem meus óculos ele parece apenas uma coisa branca e marrom. Mas uma coisa branca e marrom digna de pena. Isso sim. Meu irmão não veio almoçar, saiu com os amigos. Mamãe esta sorridente hoje. Deu-me os parabéns pelas boas notas e mais uma vez perguntou se sou homossexual, alegando que não possui nenhum preconceito. Informei que era neo-nazista e que não admitiria perguntas como aquelas. Ela sempre ri, acha que estou brincando. Devia olhar mais o porão. Sim! O porão! É lá que deixei os óculos!
(Samuel Gois Martins)02/01/06
“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””
Monday, January 02, 2006
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