“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””

Tuesday, July 03, 2007

reunião

Suas pernas eram lindas. Soberbas. Descruzou e cruzou de propósito. Estava sem calcinha, aquela vadia. Ascendeu um cigarro, bebericou o whisky.
- Você fuma? – ela perguntou.
- Não, nem bebo. Mas pode ficar a vontade. Não me incomoda a fumaça.
Embaralhei as cartas de varias formas possíveis para passar o tempo. O gosto de fumaça entrou pelo nariz e secou a garganta. Faltava a chegada de Bob.
- Você é o que dele mesmo? – perguntei.
- Ex. A que sobreviveu aquele maníaco.
Exagerada. Todas elas. Bob é um filho da puta, e as mulheres adoram os filhos da puta. Lembro-me quando Bob comeu a gatinha da sala em plena quarta serie. E depois a professora. Era horrorosa, foi uma aposta. Já fazia duas horas desde o horário marcado. Fazia anos que ele não ligava pra mim.
- Aló?
- É o Bob.
- Há.
- É.
- Hum.
- Escuta, preciso falar com você.
- To sem grana.
- Não é isso. É muito importante para mim. Naquela lanchonete que dizem assar ratos. Como quando éramos garotos.
- Hoje em dia é uma Mcdonalds.
- Isso. Na Mcdonalds ás três da tarde. Conto com você. Clic.

- Você tem fogo?
- Hum?
- É que acabaram meus fósforos.
Ela até que era bonita de rosto também. Bob é um canalha filho da puta miserável.
- Já falei que não fumo.
Ela olhou feio pra mim, deu fim a sua bebida num gole só. Depois soltou um arroto.
- Desculpe.
- Tudo bem.
Depois de mais uns quinze minutos ele chegou. Estava acabado, com óculos escuros remendados. Circulou pela lanchonete como que fingindo que não nos avistara, depois com o cinismo que lhe é sempre atribuído abriu os braços sorrindo exageradamente.
- Docinho!
- Seu merda.
- Meu chapa!
- Já falei que to sem grana.
Daí ele puxou uma cadeira, sentou que nem um texano metido e contou uma história extraordinária sobre andar pelo deserto por semanas, visões espirituais, alienígenas viciados, entre outras coisas absurdas. Deus sabe como aquilo tudo era ridículo, mas é raro ver sinceridade nos olhos de Bob como naquela hora.
- Tudo bem Bob, toma dez pratas.
- Obrigado cara!
- Meu docinho, quer dormir no meu apartamento hoje?
- Já disse que te amo meu amor?
O casal de pombinhos foi na frente. Fiquei mais um pouco na lanchonete, pedi um hambúrguer. E adivinhem só: quando abri o sanduíche para por ketchup tinha um rato tostado lá dentro.

8 comments:

Anonymous said...

Adorei esse!! Talvez pelo fato de que - pasme - eu conheça um Bob!!
Sério, muito bom mesmo!

F/X said...

auheuheuheh muito bomgostei muito do começo.. gosto da falta de clímax, sempre gostei dessa característica de alguns dos seus contos... a linguagem e o surrealimo tb
continue com seu estilo singular

Unknown said...

do caralho samuel!

Unknown said...

Esse início não é de algum outro texto?? De qualquer forma, ficou muito bom^^
Tio Sam, você tem arquivos de todos os seus textos? Acho que perdi alguns...

Anonymous said...

Não aparece mais o link para a pessoa que comentou o.o Que coisa estranha. Bem, se quiser responder ao comentário anterior, responde no meu blog, ok? |*****************

Bárbara said...

Oi Samuel, eu não sei se vc lembra de mim, eu costumava comentar no seu fotolog, sou fã das tirinhas do 10 centavos, mas agora não tenho mais fotolog. De qualquer maneira tenho um blog e de vez em qdo passo por aqui. Muito bom seu texto.

Anonymous said...

Prezado Samuel Gois,

Trabalho na produção da exposição Blooks, organizada pela Aeroplano Editora, com curadoria da Heloisa Buarque de Hollanda, Bruna Beber e Omar Salomão. A exposição será realizada no Oi Futuro, Rio de Janeiro, a partir do dia 10 de setembro.
Gostaria do seu e-mail para enviar um convite e solicitar uma autorização para utilizarmos uma tira na exposição.
desde já, muito obrigado pela atenção.
Atenciosamente,
Arthur Moura


Produção Contemporânea
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Gonzo said...

Cara, você escreve bem memso, o comum fic amuito presente em teus textos, mesmo que eles não sejam assim tão comuns...
Falou!