Os dois se conheceram numa palestra sobre cinema. Notaram-se durante indagações sobre o expressionismo alemão. Ela achou o comentário dele extremamente ultrapassado, mas com um charme que só as pessoas ultrapassadas costumam ter. Ele a estereotipou pela roupa na primeira vista. Mas provavelmente foi a primeira vista de estereotipassão mais longa já feita na vida dele. Quando a palestra terminou, os grupinhos e panelinhas se formaram no corredor da saída, todos expondo aquele amplo conhecimento sobre cinema que todos que querem aparecer nesse ramo demonstram possuir. Ela de provocação criticou a opinião dele. Ele, claro, se sentiu provocado. E apontou suas hipóteses.
Ela não queria saber de hipóteses. Ela é do tipo que acha e pronto, e se não gostou azar. Menina geniosa. Os dois acabaram sozinhos naquele debate sem propósito. Simpatizaram-se, trocaram telefones e e-mails – foram para suas casas.
Daí se passou meses, e cada um viveu sua vidinha. Nunca mais pensaram um no outro, senão por acaso, vez por outra, por segundos, e milésimos de segundos. Mas então, aconteceu que na carteira dele, socada lá no fundo, um papelzinho com um e-mail chamou atenção, e ele sem saber quem ou de onde simplesmente cadastrou em seu chat para desvendar o mistério.
Por sorte, quem sabe, ela estava na internet, pesquisando sei lá o quê, viu o estranho aparecendo em seu chat. Ela fez : “quem é você?”.
”Sou eu, e você?”
“Eu”.
E assim deletaram logo em seguida os contatos um do outro.
“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””
Tuesday, September 18, 2007
por acaso
Tuesday, September 04, 2007
profecia
Uma mesinha frágil, com copo seco há uns dias, porta lápis cheio de tesouras e réguas mas nenhum lápis, impressora quebrada, boneco do Batman brinde de um ovo da páscoa, telefone fora do gancho, grampeador sem grampos, escritor sem idéias.
Ele fica em um quartinho, daqueles bem clichês escuros dos escritores isolados e sem dinheiro, com provavelmente cheiro de cigarro, bebida e testosterona sedentária fortes. Fazia muito tempo que ele não dormia, e ele nem lembra quando foi que entrou no quarto para escrever – jurou sair só quando terminasse seu romance. Na metade da primeira página a trama se desvinculou das primeiras idéias descritivas e transformou-se numa ficção de surreal desdobramento. A lâmpada da luminária desenroscou-se lentamente continuando acesa – e brilhando cada vez mais. A lâmpada criou vida, e inclusive falou “Sou um anjo enviado por deus do mundo das idéias”. O escritor antes de qualquer coisa pensou a respeito da cafonice que seria um anjo em forma de lâmpada representando o mundo das idéias em seu livro. Depois ele se assustou, ajoelhou e gritou por piedade. A lâmpada flutuando por mais que brilhasse não iluminava o quartinho, fazendo parecer um enorme espaço negro sem fim. Ajoelhado o escritor puxava com a mão direita a bermuda que deixava escapar o cofrinho e com a esquerda fazia sinal da cruz. “Palerma, é com a direita que se faz sinal da cruz”, exclamou a lâmpada angelical. O escritor chorava de medo e desespero se perguntando se já estava morto ou iria começar em algum momento. “Não sou anjo deste Deus, palerma. Sou do mundo das idéias, idealizada por Sócrates”!
“Platão”.
“Que seja!”.
Bem na hora da quebra de parágrafo, pensou o escritor. Pouco antes da metade da primeira página de seu livro perdeu o fio da ninhada. Poderia ter vindo uma musa sensual, e não uma lâmpada fluorescente. O escritor segurou sua incontinência urinaria, encheu seu coração de coragem e perguntou “o que você quer?”. A lâmpada então sorriu. O escritor viu pela primeira vez uma lâmpada sorrindo – e ninguém mais sabe como é além dele. Sorriu e falou “Estamos com discos voadores poparts espalhados por esse planeta, e finalmente dominaremos o mundo como temia seu velho filosofo”.
Aquilo era mais do que filosofia, era ficção cientifica descabida misturada com religiosidade e noções básicas de filosofia e arte extremamente mal estudadas.
Ele fica em um quartinho, daqueles bem clichês escuros dos escritores isolados e sem dinheiro, com provavelmente cheiro de cigarro, bebida e testosterona sedentária fortes. Fazia muito tempo que ele não dormia, e ele nem lembra quando foi que entrou no quarto para escrever – jurou sair só quando terminasse seu romance. Na metade da primeira página a trama se desvinculou das primeiras idéias descritivas e transformou-se numa ficção de surreal desdobramento. A lâmpada da luminária desenroscou-se lentamente continuando acesa – e brilhando cada vez mais. A lâmpada criou vida, e inclusive falou “Sou um anjo enviado por deus do mundo das idéias”. O escritor antes de qualquer coisa pensou a respeito da cafonice que seria um anjo em forma de lâmpada representando o mundo das idéias em seu livro. Depois ele se assustou, ajoelhou e gritou por piedade. A lâmpada flutuando por mais que brilhasse não iluminava o quartinho, fazendo parecer um enorme espaço negro sem fim. Ajoelhado o escritor puxava com a mão direita a bermuda que deixava escapar o cofrinho e com a esquerda fazia sinal da cruz. “Palerma, é com a direita que se faz sinal da cruz”, exclamou a lâmpada angelical. O escritor chorava de medo e desespero se perguntando se já estava morto ou iria começar em algum momento. “Não sou anjo deste Deus, palerma. Sou do mundo das idéias, idealizada por Sócrates”!
“Platão”.
“Que seja!”.
Bem na hora da quebra de parágrafo, pensou o escritor. Pouco antes da metade da primeira página de seu livro perdeu o fio da ninhada. Poderia ter vindo uma musa sensual, e não uma lâmpada fluorescente. O escritor segurou sua incontinência urinaria, encheu seu coração de coragem e perguntou “o que você quer?”. A lâmpada então sorriu. O escritor viu pela primeira vez uma lâmpada sorrindo – e ninguém mais sabe como é além dele. Sorriu e falou “Estamos com discos voadores poparts espalhados por esse planeta, e finalmente dominaremos o mundo como temia seu velho filosofo”.
Aquilo era mais do que filosofia, era ficção cientifica descabida misturada com religiosidade e noções básicas de filosofia e arte extremamente mal estudadas.
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