“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””

Monday, August 22, 2005

Miragem fria

Contei as gotas de chuva. Uma por uma. Ninguém estava lá para atrapalhar. Contei uma, duas, três, e a solidão tão bem me ajudou que contei todas. Trágico não conseguir sentir orgulho.
Eu o encontrei delicadamente encostado, como um boneco favorito de minha filha. Olhava a janela, estava branco e magro. Há quanto tempo estava lá?
Estava tão frio, não vestia roupa alguma. Depois de um tempo elas perderam o sentido.
Suspeito que fosse um fantasma. E pelo cheiro um cadáver.
Não consegui mover minha cabeça, pois muito pesada ela. Mas sei a sensação do nada, e tinha alguém atrás de mim, me observando, me apreciando. Não pude arrumar nada, sequer tem jantar. Queria pedir desculpas. Não consigo. Minha língua já se foi.
Daí começou a chover de novo, e meu esposo veio atrás de mim.
- Você esta pálida.
- Esta vendo aquilo?
- Onde?
Pois sumiu. O cheiro também.
- É o frio...
- A chuva mal acaba e já começou de novo.

Samuel Gois Martins (22/08/2005)

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