Sentia o sangue escorrendo pelos dedos dos meus pés junto com edema preto. O tato foi sumindo até que dar conta que estava morto. Enxergava meu próprio corpo ferrado na cama. Sem parentes ou putas para sentir falta de alguma coisa. Sem ter onde cair morto eu morri. Não tinha luz, nem trevas, nem anjinhos com bunda de bebe e pinto pequeno. Não tinha Deus reclamando ou São Pedro. Simplesmente sai pela porta da frente do apartamento. E não foi atravessando-a. Desci a escada e peguei um ônibus especial muito desconfortável. Lá dentro o cobrador ainda pedia duas pratas.
- Pode ser vale de estudante?
O cobrador olhou feio pra mim.
- Você já morreu porra. Da as duas pratas. Como acha que pago a gasolina dessa merda?
Engraçado, pois só tinha duas pratas na carteira.
- O que acontece quando não temos duas pratas?
- Só tem quem merece.
(Samuel Góis Martins) 04/05/2005
“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””
Thursday, May 04, 2006
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment