“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””

Tuesday, April 01, 2008

adulto

Amanheceu chuvoso, a noite passada havia sido muito boa. Eu botava pedacinhos de papel onde sangrava, após ter feito a barba. Apenas de cueca, com a cara cheia de pedacinhos de papel ensangüentados. Fui até a varanda do apartamento para ver a chuva. O Céu ainda estava sem Sol, e concluí que ficar de cueca na varanda chamaria atenção dos vizinhos. A pele barbeada ainda ardia por causa da loção e o frio. Ao voltar para seu quarto me deparei com um brilho incomum, daqueles que dão ataques aos epiléticos. Identifiquei uma espécie humanóide no brilho – como que uma mulher nua. Pensei em dizer “eu não acredito em fadas” só de sacanagem. O brilho diminuiu um pouco, e a vi sorrir. Fiquei com vergonha por estar apenas de cueca, e com papeizinhos vermelhos na cara. Mas ela estava nua e brilhando, o que permitiu me sentir natural. Falei “o que porra é você?”, para quebrar o gelo. Ela deu uma risadinha agoniada. Veio voando até próximo de meu rosto. Agora eu podia ver seus pequenos fartos seios, pernas e corpinho – bem gostosinha até. Seus olhos eram fundos, sem pupilas. E não possuía uma cor definida. Como falei, feita de uma luz que provoca ataques de epilepsia. “Não lembra de mim?”, ela perguntou. Sua voz era baixa, agradável e infantil. Nunca fui um garanhão – mas manter relações com uma fada seria o fundo do posso. “Nem um pouco. Você é um alienígena?”. “Não, seu bobo. Sou uma fada”. “Notei, tava só zoando”. “Você ainda é engraçado”. “Eu não acredito em fadas”. O rosto da fada se encheu de desespero. “Eu posso falar até ser a sua vez de cair como um mosquito. Abre logo o jogo e me diz o que você quer”. Ela tentou voar para longe de mim, mas fui mais rápido com meus reflexos de punheteiro. Ela estava em minhas mãos. Eu poderia esmagar seus frágeis ossinhos num piscar. “Quando você era criança, brincávamos juntos no jardim! Não lembra? Você era um menino bom, e me foi dado o direito de visitar o seu mundo mais uma vez – e era você que eu queria ver!”. Minhas mãos afrouxaram um pouco para não machucá-la. Lembrei de quando era criança, do jardim, e dela. “Perdoe-me...”, falei, a soltando. Ela se distanciou de mim, até a janela. Estava chorando. A chuva engrossou, e ela não tinha como sair no temporal. “Eu era um menino bom. Mas sou um adulto deplorável. Perdi minhas paixões desacreditando com o tempo. Fiz um concurso público e me afundei no mais do mesmo rotineiro e sem cores. Passei a tratar todos como objetos e posses. E eu mesmo em transformei em uma maquina sem consciência”. Ela ainda estava séria. Dizem que o mundo das fadas é tão cruel e sinistro quando colorido e singelo. Ela soltou umas palavras – provavelmente feitiços. Quando dei por mim transformei-me em uma criança novamente. A cueca desceu por minhas pernas e a operação de fimose se foi junto com os pelos pubianos. “Como punição você será meu amigo para sempre”, ela terminou.

5 comments:

Samuel Gois said...

escrevi muita merda viu...

Fábio Ricardo said...

po... antes desse final, eu tava até cabreiro aqui. historia triste, bonita, mesmo com todo o teu estilo unico de escrever. só o final que me fez volta rpra terra e lembrar "porra, eh um texto do 10 centavos, não podia ser bonitinho."

Anonymous said...

E aí você perguntou quanto custou a viagem?

haeuaeauhea
gostei do texto, bunitinho! *-*


E eu não sou pervertida :x ;~

Anonymous said...

E eu concordo com o comentário do menino ai em cima uaheuhaueae

J. Lara said...

É gente quem disse que as fadas são aquelas criaturas doces e meigas não conhecia essa psicopata possesiva ai né...