Se não estivesse tonto o suficiente o carinha ia correr e meter porrada no maldito anão. Sim, vamos falar do anão já já. Numa visita em que o carinha fez a cidade de João Pessoa, lugar que mais parece um jardim cheio de pedrinhas bonitas onde as pessoas moram dentro, conheceu um peixe maroto chamado Rogério. Rogério tinha se afastado da vida de água salgada e foi no centro da cidade em busca de oportunidades. O carinha escutou daquelas historias que a mulher da Paraíba abre as pernas para qualquer sujeito do sul, triste decepção que gente feia ainda consegue ser feia em todo canto. Voltado ao anão, ele vendia vale transportes nas paradas confusas da lagoa, o cartão postal mais conhecido da cidade. O carinha estava na parada conversando com o peixe maroto. Perguntou por que não iria nadar na lagoa. O peixe respondeu que a praia dele é água salgada, mas que esta tentando parar por questões medicas. Tudo bem, o carinha comeu uma dona, foi ate assim que ele ficou muito amigo do peixe Rogério que deu uns toques de como levar as donas pra cama. Foi nessa mesma noite também que ele conheceu o anão. O anão córneo ele. O anão pegou a mina dele. Anão filho da puta, como diria Rogério. E não foi que na bendita parada lá estavam eles frente a frente? Mas tava foda. A lagoa fedendo. O carinha não tava acostumado com o cheiro da lagoa.
(Samuel Gois Martins) 17/04/2005
“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””
Sunday, April 17, 2005
Friday, April 15, 2005
Poluição sonora
stunque stunque stunque a rede de televisão orgulhosamente trim trim você ainda não arrumou o quarto trim trim estrelado por alô stunque stunque stunque eu pesso todo dia para você arrumar esse quarto alô é você não perca esta noite chhiiii stunqui stunqui clic clic por que não me ligou não custa nada arrumar o quarto e com vocês o ultimo sucesso da musica pop stunque stunque stunque gostaria tanto que você ligasse mais para mim chiiiii stunque mas sempre aquele chão espalhado de cuecas e revistas hoje é festa lá no meu apê stunque stunque stunque clic chiiii você me traio marcos augustos mas não tenho sempre que ser eu a ligar para você não perca o próximo episódio seu irresponsável que sequer trabalha ou estuda stunque stunque você não me ama mais não é chiiiii pode aparecer o que é essa faca alô alô stunque stunque clic slap crep chiiii
(Samuel Gois Martins) 16/04/2005
(Samuel Gois Martins) 16/04/2005
Monday, April 11, 2005
Globalização e juventude
As possibilidades são muitas. Provavelmente um pássaro morto pendurado por uma corda, galinha talvez. Isso tudo no meio de um pentagrama de...
- Sangue, senhor.
- EU tava narrando. Sabia?
- Desculpe senhor, por favor, desculpe.
- Sem grilo.
Boa parte dos detetives e policiais que se prezam não perderiam tempo cuidando de casos imbecis com adolescentes e animais mortos. Todos sabemos que isso não passa de drogas. Também se podem culpar alguns jogos malucos e aquelas bandas de rock.
As boas mães fazem protestos na casa do prefeito mandando proibir tudo isso.
Bah, coisas idiotas. Adolescentes são idiotas. Um bando de degenerados na verdade. Pegam a coitada de uma galinha, derramam o seu sangue, desenham um pentagrama, se drogam e depois cometem suicídio coletivo para aparecer na televisão.
Chamem de estranho, chamem doentio, decadente. Eu chamo de globalização.
- Senhor...
- Diga.
- Devo ressaltar que eles arrancaram as próprias pernas antes de se matar.
- Eu notei.
- Alguma idéia?
- Acho que arrancaram para não poderem fugir depois.
- Isso é meio bobo chefe...Assim...Acho que é menos doloroso se matar de uma vez.
- Meu querido parceiro.Olhe para eles...O que você esta vendo?
- Cinco adolescentes. Media dezesseis a dezoito anos, quatro garotas e um...
- Um garoto?
- Bem, era para ser.
- Entendo.Prossiga.
- Bem, os jovens estão sem suas pernas e com os pulsos cortados.Maquiados no estilo conhecido como gotic...
- Você já entendeu?
- Como assim, chefe?
- São adolescentes... Adolescentes são idiotas. Adolescentes idiotas arrancariam as pernas para não fugir da merda dum ritual mais idiota ainda.
- Mas, senhor...
- Eu trabalho nessa merda há dez anos. É sempre assim. Entendeu bem?
- Sim...
- Ótimo.
(Samuel Gois Martins) 7/06/2004 – 12/04/2005 (editado)
- Sangue, senhor.
- EU tava narrando. Sabia?
- Desculpe senhor, por favor, desculpe.
- Sem grilo.
Boa parte dos detetives e policiais que se prezam não perderiam tempo cuidando de casos imbecis com adolescentes e animais mortos. Todos sabemos que isso não passa de drogas. Também se podem culpar alguns jogos malucos e aquelas bandas de rock.
As boas mães fazem protestos na casa do prefeito mandando proibir tudo isso.
Bah, coisas idiotas. Adolescentes são idiotas. Um bando de degenerados na verdade. Pegam a coitada de uma galinha, derramam o seu sangue, desenham um pentagrama, se drogam e depois cometem suicídio coletivo para aparecer na televisão.
Chamem de estranho, chamem doentio, decadente. Eu chamo de globalização.
- Senhor...
- Diga.
- Devo ressaltar que eles arrancaram as próprias pernas antes de se matar.
- Eu notei.
- Alguma idéia?
- Acho que arrancaram para não poderem fugir depois.
- Isso é meio bobo chefe...Assim...Acho que é menos doloroso se matar de uma vez.
- Meu querido parceiro.Olhe para eles...O que você esta vendo?
- Cinco adolescentes. Media dezesseis a dezoito anos, quatro garotas e um...
- Um garoto?
- Bem, era para ser.
- Entendo.Prossiga.
- Bem, os jovens estão sem suas pernas e com os pulsos cortados.Maquiados no estilo conhecido como gotic...
- Você já entendeu?
- Como assim, chefe?
- São adolescentes... Adolescentes são idiotas. Adolescentes idiotas arrancariam as pernas para não fugir da merda dum ritual mais idiota ainda.
- Mas, senhor...
- Eu trabalho nessa merda há dez anos. É sempre assim. Entendeu bem?
- Sim...
- Ótimo.
(Samuel Gois Martins) 7/06/2004 – 12/04/2005 (editado)
Sunday, April 03, 2005
Imortais
Uma troca de olhares.
Ela respira com a calma na nobreza. Tantos e tantos anos.
Ele ofega aos tropeços de sua fé. Tantos e tantos anos.
Os dois sabem que o tempo não é nada. Estão sobre a terra a tanto tempo que as pessoas mal conseguem acreditar que um dia poderão deixar de existir. Na verdade, eles sabem que mesmo quando estiverem debaixo da terra, sua existência se prolongara por algumas décadas na memória dos homens.
Sua bengala revela uma lamina, seu turbante é jogado para trás. E debaixo apenas a velha bata de padre que possuía antes disso tudo começar.
Tantos e tantos anos.
Ela tira aquela espada cheia de jóias. Ainda suja com o sangue do século passado.
O som da batalha.
- Só pode haver um. – ele sussurra.
De tantos e tantos anos.
- É verdade. – ela decepa.
O papa morreu. E deus salve a rainha. Uma dos últimos imortais.
- Tantos e tantos anos. – terminou a cabeça rolando no chão.
Amem.
(Samuel Gois Martins) 03/04/2004
Ela respira com a calma na nobreza. Tantos e tantos anos.
Ele ofega aos tropeços de sua fé. Tantos e tantos anos.
Os dois sabem que o tempo não é nada. Estão sobre a terra a tanto tempo que as pessoas mal conseguem acreditar que um dia poderão deixar de existir. Na verdade, eles sabem que mesmo quando estiverem debaixo da terra, sua existência se prolongara por algumas décadas na memória dos homens.
Sua bengala revela uma lamina, seu turbante é jogado para trás. E debaixo apenas a velha bata de padre que possuía antes disso tudo começar.
Tantos e tantos anos.
Ela tira aquela espada cheia de jóias. Ainda suja com o sangue do século passado.
O som da batalha.
- Só pode haver um. – ele sussurra.
De tantos e tantos anos.
- É verdade. – ela decepa.
O papa morreu. E deus salve a rainha. Uma dos últimos imortais.
- Tantos e tantos anos. – terminou a cabeça rolando no chão.
Amem.
(Samuel Gois Martins) 03/04/2004
Thursday, March 31, 2005
Geladeira peidona
- Muito bem... Quem foi?
- Eu mesmo não.
- Nem eu. Foi você, né?
- Eu?! Por que eu?
- Se não foi nenhum de nós... Só pode ter sido você!
- Grande detetive!
- Você esta sendo irônico comigo?
- Muito bem. Calma. Pode admitir quem foi... Hora bolas, ninguém vai ficar chateado...
- Isso mesmo.
- Concordo.
- Perfeitamente.
- Humhum.
- ...
- ...
- ...
- ...
- ...
- Porra! Fala logo que foi você!
- Eu uma droga! Foi você! Ou voce?
- Que tem eu?
- Isso ai. Foi ele!
- Como tem tanta certeza?
- Bem... Então quem foi?!
- Acho que foi a geladeira.
- A geladeira?! – todos em uníssono.
- Isso ai. A geladeira!
- É, uma fruta podre na geladeira.
- Realmente, tem sentido.
- Inteiramente.
- Humhum...
(Samuel Gois Martins) 31/03/2004
- Eu mesmo não.
- Nem eu. Foi você, né?
- Eu?! Por que eu?
- Se não foi nenhum de nós... Só pode ter sido você!
- Grande detetive!
- Você esta sendo irônico comigo?
- Muito bem. Calma. Pode admitir quem foi... Hora bolas, ninguém vai ficar chateado...
- Isso mesmo.
- Concordo.
- Perfeitamente.
- Humhum.
- ...
- ...
- ...
- ...
- ...
- Porra! Fala logo que foi você!
- Eu uma droga! Foi você! Ou voce?
- Que tem eu?
- Isso ai. Foi ele!
- Como tem tanta certeza?
- Bem... Então quem foi?!
- Acho que foi a geladeira.
- A geladeira?! – todos em uníssono.
- Isso ai. A geladeira!
- É, uma fruta podre na geladeira.
- Realmente, tem sentido.
- Inteiramente.
- Humhum...
(Samuel Gois Martins) 31/03/2004
Sunday, March 27, 2005
Carta de amor a ninguém
Desde a primeira vez... Que eu nuca vi você. Sempre tive certeza, encontrando aqueles olhos que nunca encontrei, era você. O vento que jamais soprou batendo naqueles cabelos que nunca nasceram. O largo sorriso que nunca foi feito.
Eu ate lembro onde eu não estava. Descia uma ponte de sonhos que construí desde minha primeira reflexão negada ate o ultimo suspiro contido. E me perguntava qual seria o não rumo. Lá não estava você, sentada na beirada, apreciando o por do sol que nunca aconteceu.
E as ondas do mar que sequer bateram? Maravilhosas.
Provavelmente você não me olhou com desdém. Um cara gordo, de longe com uma aparência próxima do que chama de atraente. Claro que você nunca olharia. Da mesma forma que eu nunca olharia você. Nem se quisesse, pois você não existe. Certo?
Eu me lembro muito bem de como não me sentei ao seu lado, da coragem que não tive para fazê-lo. Da coragem que não tive para dizer:
- Oi.
E também me lembro muito bem da sua resposta nunca pronunciada:
- Quem é você?
Mas foi um quem é você de ironia, nem rancor, ou medo? Não. Não foi de uma infantil curiosidade. Inocente e bela curiosidade. E teve o que eu não respondi.
- Ninguém...
E o espanto que você não teve. Pois como era grande a coincidência.
Samuel Gois Martins 27/03/2004
Eu ate lembro onde eu não estava. Descia uma ponte de sonhos que construí desde minha primeira reflexão negada ate o ultimo suspiro contido. E me perguntava qual seria o não rumo. Lá não estava você, sentada na beirada, apreciando o por do sol que nunca aconteceu.
E as ondas do mar que sequer bateram? Maravilhosas.
Provavelmente você não me olhou com desdém. Um cara gordo, de longe com uma aparência próxima do que chama de atraente. Claro que você nunca olharia. Da mesma forma que eu nunca olharia você. Nem se quisesse, pois você não existe. Certo?
Eu me lembro muito bem de como não me sentei ao seu lado, da coragem que não tive para fazê-lo. Da coragem que não tive para dizer:
- Oi.
E também me lembro muito bem da sua resposta nunca pronunciada:
- Quem é você?
Mas foi um quem é você de ironia, nem rancor, ou medo? Não. Não foi de uma infantil curiosidade. Inocente e bela curiosidade. E teve o que eu não respondi.
- Ninguém...
E o espanto que você não teve. Pois como era grande a coincidência.
Samuel Gois Martins 27/03/2004
Friday, March 25, 2005
Desde que me lembro
O cheiro apetitoso que revela a hora da janta. Meu pai, minha mãe, eu e tia Margarida corremos para a mesa. E também tem o cara misterioso que desde que me lembro também aparece para jantar com agente. Desde que me lembro. Ele se senta na outra cabeceira da mesa. A terceira cabeceira da mesa. Ele fala bastante, mas parece que ninguém nunca da muito ouvidos para ele. Nem eu. Misteriosamente o papo dele na ultima noite me intrigou.
“Vocês deviam provar o gelo. É maravilhoso!”.
Gelo pra cá, gelo pra lá.
“Qual gelo?”.
Os meus pais, e tia Margarida, me encararam intrigados. Mas logo voltaram a comer a torta de frango e conversar sobre políticos.
“Vocês têm que provar! Não fazem idéia do que estão perdendo!”.
“Onde posso provar?”, perguntei.
“Provar o que, meu filho?”, perguntou mamãe.
“O gelo!”.
O cara misterioso agora passava a mão sobre a cheia barriga. Ele gostou da torta.
“Na geladeira, querido. Se você quiser tem na geladeira”, concluiu minha mãe antes de virar seu roto para tia Margarida e falar alguma coisa sobre absorventes.
O cara se levantou, acenou um discreto e cômico adeus e saio pela porta da frente. Como sempre faz. Desde que me lembro. Engraçado que ele sempre saia pela porta da frente que ninguém nunca usa. Papai fala sempre que não temos uma segunda porta da frente. Mas ela esta lá. Tudo bem... Já desisti de mandar mamãe limpar a terceira cabeceira da mesa.
Sim...Não gostei muito do gelo. Talvez só tenha sabor para quem toma na terceira cabeceira da mesa.
Samuel Gois Martins 25/03/2005
“Vocês deviam provar o gelo. É maravilhoso!”.
Gelo pra cá, gelo pra lá.
“Qual gelo?”.
Os meus pais, e tia Margarida, me encararam intrigados. Mas logo voltaram a comer a torta de frango e conversar sobre políticos.
“Vocês têm que provar! Não fazem idéia do que estão perdendo!”.
“Onde posso provar?”, perguntei.
“Provar o que, meu filho?”, perguntou mamãe.
“O gelo!”.
O cara misterioso agora passava a mão sobre a cheia barriga. Ele gostou da torta.
“Na geladeira, querido. Se você quiser tem na geladeira”, concluiu minha mãe antes de virar seu roto para tia Margarida e falar alguma coisa sobre absorventes.
O cara se levantou, acenou um discreto e cômico adeus e saio pela porta da frente. Como sempre faz. Desde que me lembro. Engraçado que ele sempre saia pela porta da frente que ninguém nunca usa. Papai fala sempre que não temos uma segunda porta da frente. Mas ela esta lá. Tudo bem... Já desisti de mandar mamãe limpar a terceira cabeceira da mesa.
Sim...Não gostei muito do gelo. Talvez só tenha sabor para quem toma na terceira cabeceira da mesa.
Samuel Gois Martins 25/03/2005
Thursday, March 10, 2005
Tecido delicado
O gosto de amargura chega a ser doce quando combinado com o da satisfação momentânea.
A senhorita pôs sua meia-calça. É incrível como gosta de usar uma coisa tão descartável. Principalmente em festas como essa.
- Não é evidente que em seguida vão se rasgar?
- Ai que esta a graça, meu amor.
Escapou a ultima baforada do cigarro.
As quatro da manhã ainda podia escutar gemidos, risadas, gritos e choradeiras. O corredor tinha um cheiro incomum de humanidade decaída e cada porta parecia um novo mundo macabro. Talvez seja por isso que gosto de vir aqui. Para me acostumar ao inferno.
Lá fora o meu motorista me espera atento com seus olhos de coruja.
- Como foi à noite, senhor?
- Como todas as outras, meu amigo.
- Pelo perfume sinto que ainda visita aquela senhorita.
- Não lhe pago para ser um detetive!
- Perdoe-me, senhor. Só estranho. É a primeira vez que vejo o senhor passar mais de três noites com a mesma mulher.
Ele levanta o freio de mão e faz aquela maquina maravilhosa começar a andar.
- É por causa da meia-calça. Acho.
O motorista deu uma risada silenciosa e formos para casa antes do sol nascer.
(Samuel Gois Martins) 10/3/2005
A senhorita pôs sua meia-calça. É incrível como gosta de usar uma coisa tão descartável. Principalmente em festas como essa.
- Não é evidente que em seguida vão se rasgar?
- Ai que esta a graça, meu amor.
Escapou a ultima baforada do cigarro.
As quatro da manhã ainda podia escutar gemidos, risadas, gritos e choradeiras. O corredor tinha um cheiro incomum de humanidade decaída e cada porta parecia um novo mundo macabro. Talvez seja por isso que gosto de vir aqui. Para me acostumar ao inferno.
Lá fora o meu motorista me espera atento com seus olhos de coruja.
- Como foi à noite, senhor?
- Como todas as outras, meu amigo.
- Pelo perfume sinto que ainda visita aquela senhorita.
- Não lhe pago para ser um detetive!
- Perdoe-me, senhor. Só estranho. É a primeira vez que vejo o senhor passar mais de três noites com a mesma mulher.
Ele levanta o freio de mão e faz aquela maquina maravilhosa começar a andar.
- É por causa da meia-calça. Acho.
O motorista deu uma risada silenciosa e formos para casa antes do sol nascer.
(Samuel Gois Martins) 10/3/2005
Monday, March 07, 2005
Pintinhos bastardos
Pequenos garotos brincavam se jogando. Uma brincadeira não muito esperta.
- São apenas garotos.
Aquela velhinha ria sempre falando isso quando assistia a estúpida brincadeira. Não que eu desse muita importância a todos esses fatos.
Um dos garotos se chama Charles. Onze anos e bastante merda na cabeça como principais pontos de seu currículo. Uma vez ele estuprou uma galinha, no outro dia ela pôs ovos. O idiota achou que fossem seus filhos e ate hoje esconde os pintinhos de baixo de sua cama. Ele anda por ai com o nobre porte de um homem chefe de família. Mal sabe ele que os pintinhos na verdade são filhos de seu amigo Mauricio.
(Samuel Gois Martins) 7/3/2005
- São apenas garotos.
Aquela velhinha ria sempre falando isso quando assistia a estúpida brincadeira. Não que eu desse muita importância a todos esses fatos.
Um dos garotos se chama Charles. Onze anos e bastante merda na cabeça como principais pontos de seu currículo. Uma vez ele estuprou uma galinha, no outro dia ela pôs ovos. O idiota achou que fossem seus filhos e ate hoje esconde os pintinhos de baixo de sua cama. Ele anda por ai com o nobre porte de um homem chefe de família. Mal sabe ele que os pintinhos na verdade são filhos de seu amigo Mauricio.
(Samuel Gois Martins) 7/3/2005
Thursday, March 03, 2005
Frio na espinha
Tem uma tristeza que se arrasta entre as veias de pensamento. Quase nunca consigo sentir ou notar. Mas de alguma forma sei que esta lá. Essa tristeza tem haver com as letras apagadas entre um livro e outro que leio quando existe alguma vontade. Tem haver com o ar que forço a entrada nos pulmões e deixo escapar com certa falta de coragem. Tem haver com o medo de abrir a porta de meu quarto e encarar o que vou encontrar atrás. Quando fico com os pelos do corpo arrepiados com o vento frio da noite. E também tem os meus olhos que me encaram no espelho. Ligo a torneira, escovo os dentes, enxugo as mãos... Tudo tão mecânico quanto realmente é. A pior parte é me virar e encarar o corredor, esperando por um fantasma que me encare do mesmo jeito que os meus olhos. Tenho que dormir. Amanhã o parágrafo começa do mesmo jeito.
E sim, o fantasma esta lá, mas eu não consigo notá-lo. Da mesma forma que a tristeza.
Samuel Gois Martins (03/03/2005)
E sim, o fantasma esta lá, mas eu não consigo notá-lo. Da mesma forma que a tristeza.
Samuel Gois Martins (03/03/2005)
Friday, February 18, 2005
Mãe é Mãe
Arrastei o corpo para dentro da floresta. Lá não era seguro. Mas nenhum lugar era. Pelo menos na floresta.
- Gostaria muito de morrer olhando para arvores.
- Mamãe! Não fale dessas coisas!
- Qual o problema, meu amor? Não é errado falar dos últimos desejos da morte.
- Você tem 35 anos! É bonita e vigorosa!
- Não é errado falar da morte.
À noite aproxima.
O frio cresce.
- Não se esqueça de duas cobertas!
- Mas não ta tão frio!
- Nem tão escuro. Mas logo vai estar.
- Agüente firme mamãe! Você não pode morrer!
- Obrigado pelas arvores...
- Não fale besteiras!
Era só uma amiga hora bolas.
- Não me venha com essa. Eu vi como você olha para o nada com cara de peixe morto quando fala o nome dela!
Sempre odiei quando você tem razão.
Você sabe disso, às vezes ate se fazia de errada para não me desapontar.
Entraram na floresta.
O barulho.
Luzes.
Escuto-os correndo. Ela fechou seus olhos e deixa um belo sorriso para a eternidade. Será que vamos nos ver logo? Acho que você não ia querer. Certo?
- Corra para não perder a hora na escola!
- Ok!
Eu vou correr.
Bem rápido.
Prometo.
(Samuel Gois Martins) 18/02/2004
- Gostaria muito de morrer olhando para arvores.
- Mamãe! Não fale dessas coisas!
- Qual o problema, meu amor? Não é errado falar dos últimos desejos da morte.
- Você tem 35 anos! É bonita e vigorosa!
- Não é errado falar da morte.
À noite aproxima.
O frio cresce.
- Não se esqueça de duas cobertas!
- Mas não ta tão frio!
- Nem tão escuro. Mas logo vai estar.
- Agüente firme mamãe! Você não pode morrer!
- Obrigado pelas arvores...
- Não fale besteiras!
Era só uma amiga hora bolas.
- Não me venha com essa. Eu vi como você olha para o nada com cara de peixe morto quando fala o nome dela!
Sempre odiei quando você tem razão.
Você sabe disso, às vezes ate se fazia de errada para não me desapontar.
Entraram na floresta.
O barulho.
Luzes.
Escuto-os correndo. Ela fechou seus olhos e deixa um belo sorriso para a eternidade. Será que vamos nos ver logo? Acho que você não ia querer. Certo?
- Corra para não perder a hora na escola!
- Ok!
Eu vou correr.
Bem rápido.
Prometo.
(Samuel Gois Martins) 18/02/2004
Tuesday, February 15, 2005
A mesma decadência de sempre
Foi de noite, como sempre.
Um pouco de dor de cabeça.
Como sempre.
- Tudo bem?
- Na medida do possível. Como esta o garoto?
- Melhorou em muita coisa não.
Eu deveria estar terminado de ler alguma coisa. Ela deve ter vindo pega de volta. Sempre assim.
- O que achou?
Eu respondo o de sempre.
- Poderia ser melhor.
- Não leu todo.
- Se fosse bom eu teria lido.
E pensar que trepávamos bem para cacete nesse sofá.
- Bem. Então eu vou indo.
- Mande um abraço para o pirralho.
Hoje nem para uma punheta ele seve. E na televisão só tem merda.
Mas amanhã ela volta.
De noite.
Com outro livro.
Como sempre.
(Samuel Gois Martins) 15/02/2005
Um pouco de dor de cabeça.
Como sempre.
- Tudo bem?
- Na medida do possível. Como esta o garoto?
- Melhorou em muita coisa não.
Eu deveria estar terminado de ler alguma coisa. Ela deve ter vindo pega de volta. Sempre assim.
- O que achou?
Eu respondo o de sempre.
- Poderia ser melhor.
- Não leu todo.
- Se fosse bom eu teria lido.
E pensar que trepávamos bem para cacete nesse sofá.
- Bem. Então eu vou indo.
- Mande um abraço para o pirralho.
Hoje nem para uma punheta ele seve. E na televisão só tem merda.
Mas amanhã ela volta.
De noite.
Com outro livro.
Como sempre.
(Samuel Gois Martins) 15/02/2005
Monday, February 14, 2005
Galinhas voadoras.
- Tenho uma piada nova muito boa. Quer ouvir?
Tirei a caneta da boca. Não era minha. Toda mordida e o leve sabor de tinta de caneta na boca. Foi nesse momento que escutei, e, olhei para o sorriso amarelo.
- Manda ai.
Odeio aquele sorriso amarelo.
- Por que a galinha atravessou a rua?
Realmente, uma piada nova. Deve esta esperando que eu diga “Não sei” ou “Por que?”. Não mesmo. Não para o sorriso amarelo.
Coincidentemente estávamos na rua. E a caneta já deveria ter caído no chão. Coincidentemente uma galinha estava lá. Dava quase para escutar meu cruel pensamento: “Eu te pego, sorriso amarelo... Eu te pego!”. Quase.
- Pergunte para ela.
O sorriso amarelo se transformou em olhar confuso. E logo em seguida... Olhar assustado.
- Meu deus!
Ela voou para longe.
Claro que também fiquei chocado. Mas acho que não sujou muito o carro.
Samuel Gois Martins 14/02/2005
Tirei a caneta da boca. Não era minha. Toda mordida e o leve sabor de tinta de caneta na boca. Foi nesse momento que escutei, e, olhei para o sorriso amarelo.
- Manda ai.
Odeio aquele sorriso amarelo.
- Por que a galinha atravessou a rua?
Realmente, uma piada nova. Deve esta esperando que eu diga “Não sei” ou “Por que?”. Não mesmo. Não para o sorriso amarelo.
Coincidentemente estávamos na rua. E a caneta já deveria ter caído no chão. Coincidentemente uma galinha estava lá. Dava quase para escutar meu cruel pensamento: “Eu te pego, sorriso amarelo... Eu te pego!”. Quase.
- Pergunte para ela.
O sorriso amarelo se transformou em olhar confuso. E logo em seguida... Olhar assustado.
- Meu deus!
Ela voou para longe.
Claro que também fiquei chocado. Mas acho que não sujou muito o carro.
Samuel Gois Martins 14/02/2005
Sunday, January 30, 2005
Lagrimas de sonho
O chão coberto de asas de borboletas.
Deixem-me em paz.
Agarro com força o cobertor, rasgo-o. E antes de recuperar o primeiro fôlego descubro que estou distante do perigo.
- Mas ainda escuto alguém chorar.
- Talvez não seja você que esteja chorando?
- Talvez. Quem é?
Ainda estou deitado, procurando com as mãos o tamanho do estrago que fiz no cobertor. Quem esta ai?
E na minha frente noto um pequeno, quase imperceptível brilho. É uma borboleta quase microscópica. Quando estou perto de desmaia devido a baixo oxigênio no cérebro costumo ver coisas assim.
- Mas não sou um sintoma de que breve vai desmaiar.
- Então o que é?
- O chão estava coberto de asas de borboletas, meu amigo. Você esperou demais.
- Talvez. Quem esta chorando?
E caio novamente num sono.
Samuel Gois Martins 31/01/2004
Deixem-me em paz.
Agarro com força o cobertor, rasgo-o. E antes de recuperar o primeiro fôlego descubro que estou distante do perigo.
- Mas ainda escuto alguém chorar.
- Talvez não seja você que esteja chorando?
- Talvez. Quem é?
Ainda estou deitado, procurando com as mãos o tamanho do estrago que fiz no cobertor. Quem esta ai?
E na minha frente noto um pequeno, quase imperceptível brilho. É uma borboleta quase microscópica. Quando estou perto de desmaia devido a baixo oxigênio no cérebro costumo ver coisas assim.
- Mas não sou um sintoma de que breve vai desmaiar.
- Então o que é?
- O chão estava coberto de asas de borboletas, meu amigo. Você esperou demais.
- Talvez. Quem esta chorando?
E caio novamente num sono.
Samuel Gois Martins 31/01/2004
Saturday, January 22, 2005
Contradição
Algumas pilhas de livros atrás me lembro das cores aberrantes da camiseta que ela estava usando. Nunca fui muito ligado em moda, mas se aquilo é bom gosto dou graças a deus por estar fora de moda. Ela suspirou com honestidade após o longo gole de água. Realmente estava bem quente.
- O que você tem lido nos últimos dias?
- Na verdade cabei de comprar sete livros para suportar esse verão.
- Ta quente mesmo. Obrigado pela água...
- Só estava de passagem?
Já estou no quinto livro e esse momento não sai da minha cabeça. Assim não vou sobreviver ao verão. Devia ter gastado a grana com um ar-condicionado.
- Na verdade eu queria conversar com você...
- Fique a vontade.
No romance de Bolt, o personagem principal entrega um cálice para sua amada. Ele quer fazer uma espécie de casamento simbólico. E daí ela falou a respeito do namorado.
- O que será que devo fazer? Eu acho que não temos mais muito futuro...
A mulheres pensam demais no futuro. Essas coisas são bem comuns no romantismo, apesar de não ser lá grande fã do romantismo estou gostando do romance.
- Mas você não se sente bem com ele hoje em dia?
- Sim... Mas...
Acho que o personagem principal poderia ter um ar nobre menos forçado. Mas quem sabe isso seja alguma tipologia do personagem que poderá ser explicada no decorrer do livro. Mas...?
- Bem... Não entendo de romances.
Eu entendo muito bem de romances. Em especial dos escritos por T. Bolt. Mas definitivamente...
- Mas você sempre observou isso desde o começo. Você sabe... Digo... O que você acha?
Não gosto de romantismo.
- Eu acho que você esta pensando demais. E acho que num romance não existe lugar para cabeça e sim para coração.
Mas concordo que escritores românticos têm que pensar muito antes de escrever essas coisas. É uma arte se tratando da observação no gosto de seus leitores. A cabeça é realmente importante num romance.
- Você acha isso?
- Acho. Mas não sei.
- Como assim?
O final não foi lá grande coisa. Espero que o próximo livro compense. Ta muito quente...
(Samuel Gois Martins) 22/01/2005
- O que você tem lido nos últimos dias?
- Na verdade cabei de comprar sete livros para suportar esse verão.
- Ta quente mesmo. Obrigado pela água...
- Só estava de passagem?
Já estou no quinto livro e esse momento não sai da minha cabeça. Assim não vou sobreviver ao verão. Devia ter gastado a grana com um ar-condicionado.
- Na verdade eu queria conversar com você...
- Fique a vontade.
No romance de Bolt, o personagem principal entrega um cálice para sua amada. Ele quer fazer uma espécie de casamento simbólico. E daí ela falou a respeito do namorado.
- O que será que devo fazer? Eu acho que não temos mais muito futuro...
A mulheres pensam demais no futuro. Essas coisas são bem comuns no romantismo, apesar de não ser lá grande fã do romantismo estou gostando do romance.
- Mas você não se sente bem com ele hoje em dia?
- Sim... Mas...
Acho que o personagem principal poderia ter um ar nobre menos forçado. Mas quem sabe isso seja alguma tipologia do personagem que poderá ser explicada no decorrer do livro. Mas...?
- Bem... Não entendo de romances.
Eu entendo muito bem de romances. Em especial dos escritos por T. Bolt. Mas definitivamente...
- Mas você sempre observou isso desde o começo. Você sabe... Digo... O que você acha?
Não gosto de romantismo.
- Eu acho que você esta pensando demais. E acho que num romance não existe lugar para cabeça e sim para coração.
Mas concordo que escritores românticos têm que pensar muito antes de escrever essas coisas. É uma arte se tratando da observação no gosto de seus leitores. A cabeça é realmente importante num romance.
- Você acha isso?
- Acho. Mas não sei.
- Como assim?
O final não foi lá grande coisa. Espero que o próximo livro compense. Ta muito quente...
(Samuel Gois Martins) 22/01/2005
Friday, January 07, 2005
Convincente
Perco-me ao observar as listras que se estampavam na camiseta dela. Talvez seja uma estratégia, tipo para não acharem seus seios. Mas mirei logo neles, isso ai, eu jogo sujo. E quem disse que eles não estavam lá? Estavam sim. E como estavam. Elevo minha mão direita.
- Prazer em conhecê-los...
- Como?
- Prazer em conhecê-la.
- Prazer... E ai, preparado?
- Quer fazer sexo comigo?
- Desculpe...
- O que foi agora?
- Você não é...O meu tipo.
- Não sou o seu tipo ou não sou bonito o suficiente?
- Bem...
- A função da beleza é apenas de exibi-la para outras pessoas. No final das contas tudo isso termina mesmo é em uma boa trepada. Então tudo que você vai aproveitar de um homem, bonito ou não, é o seu pau. Não sei se o meu é algo de lá grande potencial. Nunca o botei a prova num relacionamento a dois. Repito, a dois. Mas um cara bonito talvez também não... Então no final das contas... Por que não se ninguém ficar sabendo?
- É...
- Acho que to preparado sim. E você, ta preparada?
- Não sei se estudei o suficiente... Mas vamos ver no que da.
- Vamos sim. Hoje à noite?
- Leve a camisinha.
Que peitos, meus amigos. Que peitos!
(Samuel Gois Martins) 07/01/05
- Prazer em conhecê-los...
- Como?
- Prazer em conhecê-la.
- Prazer... E ai, preparado?
- Quer fazer sexo comigo?
- Desculpe...
- O que foi agora?
- Você não é...O meu tipo.
- Não sou o seu tipo ou não sou bonito o suficiente?
- Bem...
- A função da beleza é apenas de exibi-la para outras pessoas. No final das contas tudo isso termina mesmo é em uma boa trepada. Então tudo que você vai aproveitar de um homem, bonito ou não, é o seu pau. Não sei se o meu é algo de lá grande potencial. Nunca o botei a prova num relacionamento a dois. Repito, a dois. Mas um cara bonito talvez também não... Então no final das contas... Por que não se ninguém ficar sabendo?
- É...
- Acho que to preparado sim. E você, ta preparada?
- Não sei se estudei o suficiente... Mas vamos ver no que da.
- Vamos sim. Hoje à noite?
- Leve a camisinha.
Que peitos, meus amigos. Que peitos!
(Samuel Gois Martins) 07/01/05
Saturday, January 01, 2005
Ilógica segmentada
Carros de policia. Chiclete na calçada. Gritos de garotas. Vestidos verdes e laranjas, todos vermelhos. Aquela risadinha. O cego toca saxofone. Taxistas cheirando cocaína. Uma velhinha e seu cachorro.
- Tem dois pingos.
- Trema...
- Como?
- É um trema! – e saca seu 38.
Bang, bang.
- Parada!
- Meu vestido!
- Você escutou alguma coisa?
- Snif. Hã?
- Au Au!
E chegou no asfalto.
(Samuel Gois Martins) 02/01/2005
- Tem dois pingos.
- Trema...
- Como?
- É um trema! – e saca seu 38.
Bang, bang.
- Parada!
- Meu vestido!
- Você escutou alguma coisa?
- Snif. Hã?
- Au Au!
E chegou no asfalto.
(Samuel Gois Martins) 02/01/2005
Wednesday, December 29, 2004
Sonhar talvez...
Toc, toc, toc. Despertar. Da para escutar o rangido de cada fio de cabelo se esfregando sobre minha cabeça. Cada um. E meus tímpanos choram a cada ruído. Cada um. Ressaca. Ressaca? Parece ressaca. Nunca bebi na vida. Dói. A cabeça, os olhos, a coluna, meu braço esquerdo. Tudo, tudo, tudo. Dói demais. Parece ate à tristeza... Toc, toc, toc. Dor. Minha cara afundada sobre um travesseiro. Mascara de dormir? Nunca usei isso na vida. Uma no meu rosto. Onde estou? Nu? Estou com pijama. Só bermuda. Esta quente. Febre? Remédios? Que lugar é este? Como será que ela esta? Ela? Quem é ela? Ela esta do outro lado. Toc, toc, toc. Ela despertou? Mãos sobre os olhos, sono, calor. Dor. Tristeza. Nesse aposento não tem nada. Só uma cama. E eu. Toc, toc, toc.
- Já vai...
Cambaleio. A jornada ate a porta parece eterna. Toc, Toc, Toc. Eu tenho lembranças dela. Mas sei que nunca a vi. Sei o seu nome. Mas nunca o pronunciei. Sei o que sinto por ela. Mas nunca senti isso. Toc, toc, toc. A maçaneta é quente. Eu esperava o frio do ferro. Ela parece ser de ouro. Esta quente. Minha mão também esta quente. Tudo. Tudo esta quente.
Mais um rangido. A porta se abre. Lá estão os olhos dela. Eu os encontrei. A dor parece diminuir. Olho bem para ela e reconheço todos seus atributos. Olho para trás dela. Ela esta lá. Ela esta dormindo, numa cama como a minha. Usando uma mascara de dormir. Como a minha. Escuto o respirar atrás de mim. Estou lá. Realmente. Nesta sala apenas estou eu e a cama e eu. Ela caça meus olhos. Meus olhos agora já não me pertencem. Ela esta suando. Eu também.
- Estou sonhando... – Ela fala.
- Fico feliz de estar em seus sonhos.
(Samuel Gois Martins) 30/12/2003
- Já vai...
Cambaleio. A jornada ate a porta parece eterna. Toc, Toc, Toc. Eu tenho lembranças dela. Mas sei que nunca a vi. Sei o seu nome. Mas nunca o pronunciei. Sei o que sinto por ela. Mas nunca senti isso. Toc, toc, toc. A maçaneta é quente. Eu esperava o frio do ferro. Ela parece ser de ouro. Esta quente. Minha mão também esta quente. Tudo. Tudo esta quente.
Mais um rangido. A porta se abre. Lá estão os olhos dela. Eu os encontrei. A dor parece diminuir. Olho bem para ela e reconheço todos seus atributos. Olho para trás dela. Ela esta lá. Ela esta dormindo, numa cama como a minha. Usando uma mascara de dormir. Como a minha. Escuto o respirar atrás de mim. Estou lá. Realmente. Nesta sala apenas estou eu e a cama e eu. Ela caça meus olhos. Meus olhos agora já não me pertencem. Ela esta suando. Eu também.
- Estou sonhando... – Ela fala.
- Fico feliz de estar em seus sonhos.
(Samuel Gois Martins) 30/12/2003
Sunday, December 05, 2004
Coração não incluso
Trim trim
Pilhas não inclusas.
As bonecas não se mexem sozinhas.
O chapéu não vem incluso.
Controle remoto. Desliga.
- Manhê!
- Que foi querida?
- Quero uma boneca nova!
A criança estava na sala, corredor, e agora cozinha.
- Manhê!
Trim trim.
A mulher esta cortando cenouras. Lamentando pela do seu marido não ser tão grande quanto.
- Que foi querida?
- Quero uma boneca nova!
A criança estava na sala, corredor.
No corredor são três quartos.
Num quarto tem um garoto.
- Manhê!
Ele esconde seu pequeno pênis de baixo da toalha estrategicamente posicionada.
- É só a pirralha...
E volta aos seus afazeres.
Primeiro, ligar o monitor.
- Que foi querida?
Claro que também desligou o monitor.
É um site gay.
- Quero uma boneca nova!
“Eu também queria uma...”, pensa o garoto.
Trim trim.
Trim trim, toca o telefone.
- Manhê!
O pai escuta o grito da menina. Como ele queria comer aquela menina. O pai esta num outro quarto do corredor.
Trim Trim, o telefone toca.
- Diga querida.
- Eu atendo. – fala o pai.
- Alô?
- Quero uma boneca nova!
- Certo, ela vai sair mais tarde. Aqui mesmo.
- Pergunte ao seu pai!
- Paiê!
- Diga querida?
- Quero uma boneca nova!
- Vá com a sua mãe e seu irmão essa tarde compra uma boneca nova.
- Obrigado pai! Eu te amo!
- Também querida. Também. Agora deixa o papai. O papai ta no telefone. Isso mesmo, hoje à tarde.
(Samuel Góis Martins) 05/12/04
Pilhas não inclusas.
As bonecas não se mexem sozinhas.
O chapéu não vem incluso.
Controle remoto. Desliga.
- Manhê!
- Que foi querida?
- Quero uma boneca nova!
A criança estava na sala, corredor, e agora cozinha.
- Manhê!
Trim trim.
A mulher esta cortando cenouras. Lamentando pela do seu marido não ser tão grande quanto.
- Que foi querida?
- Quero uma boneca nova!
A criança estava na sala, corredor.
No corredor são três quartos.
Num quarto tem um garoto.
- Manhê!
Ele esconde seu pequeno pênis de baixo da toalha estrategicamente posicionada.
- É só a pirralha...
E volta aos seus afazeres.
Primeiro, ligar o monitor.
- Que foi querida?
Claro que também desligou o monitor.
É um site gay.
- Quero uma boneca nova!
“Eu também queria uma...”, pensa o garoto.
Trim trim.
Trim trim, toca o telefone.
- Manhê!
O pai escuta o grito da menina. Como ele queria comer aquela menina. O pai esta num outro quarto do corredor.
Trim Trim, o telefone toca.
- Diga querida.
- Eu atendo. – fala o pai.
- Alô?
- Quero uma boneca nova!
- Certo, ela vai sair mais tarde. Aqui mesmo.
- Pergunte ao seu pai!
- Paiê!
- Diga querida?
- Quero uma boneca nova!
- Vá com a sua mãe e seu irmão essa tarde compra uma boneca nova.
- Obrigado pai! Eu te amo!
- Também querida. Também. Agora deixa o papai. O papai ta no telefone. Isso mesmo, hoje à tarde.
(Samuel Góis Martins) 05/12/04
Thursday, December 02, 2004
Só mais uma historia sobre olhos perdidos nas estrelas
- O que é isso?
- O Sol.
- E isso?
- Um buraco negro.
- E isso?
- Essa é fácil...
- Mentirosa!
Só algo que chamou atenção, dentre tantas outras.
Tento me lembrar de dividir a realidade das coisas que costumo imaginar, e, não controlar.
Apenas crianças brincando ao redor de uma lamparina no escuro. Estou com febre.
- Sente-se melhor?
Tudo turvo? Linda como sempre.
- Onde estou?
Acho.
- Você esta aqui...
- Como fiquei assim?
Seus olhos retraem receio.
- Você não lembra?
E os meus olhos se perdem distraídos, procurando alguma coisa nas estrelas. E foi assim que entendi.
Onde eu estava não tinha teto.
Só depois de muito tempo reconheci o som que entrou sorrateiro no meu ouvido. O esquerdo.
“Você não lembra?”.
- Sua voz é bonita.
E que sorriso.
Mesclava pena com alguma coisa que sabia o que era... Mas não me vinha o nome.
- Você nunca foi modesto.
- É fácil sim!
- Então diz o que é!
- Deus!
(Samuel Góis Martins) 02/12/04
- O Sol.
- E isso?
- Um buraco negro.
- E isso?
- Essa é fácil...
- Mentirosa!
Só algo que chamou atenção, dentre tantas outras.
Tento me lembrar de dividir a realidade das coisas que costumo imaginar, e, não controlar.
Apenas crianças brincando ao redor de uma lamparina no escuro. Estou com febre.
- Sente-se melhor?
Tudo turvo? Linda como sempre.
- Onde estou?
Acho.
- Você esta aqui...
- Como fiquei assim?
Seus olhos retraem receio.
- Você não lembra?
E os meus olhos se perdem distraídos, procurando alguma coisa nas estrelas. E foi assim que entendi.
Onde eu estava não tinha teto.
Só depois de muito tempo reconheci o som que entrou sorrateiro no meu ouvido. O esquerdo.
“Você não lembra?”.
- Sua voz é bonita.
E que sorriso.
Mesclava pena com alguma coisa que sabia o que era... Mas não me vinha o nome.
- Você nunca foi modesto.
- É fácil sim!
- Então diz o que é!
- Deus!
(Samuel Góis Martins) 02/12/04
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