Asas penduradas em um varal.
- Estão secando?
- O mais difícil foi lavar o sangue.
- Pretende... Bem... Novamente?
- Não. Apenas decorativo.
A chaleira apita.
O ambiente modifica-se com vapor delicioso.
É no ultimo suspiro da tarde, ele pousa sublime e entra pela janela. Tira aquela velha roupa sempre limpa, sempre branca.
Acende um cigarro.
- O chá esta pronto?
- As limpei.
- A chaleira esta apitando.
- Estão lá fora. Secando.
- Esse é o seu amigo?
- Isso.
- Prazer.
- Prazer.
- Vou ver o chá. Fiquem a vontade.
Nem o cheiro angustiante do cigarro estragava o incenso da chaleira. Eles se sentam na cama e como que voltando ao seu fôlego se abraçam numa espécie de amor desesperado. Trocam rápido beijo. Tão rápido quanto se distanciam. Tão rápido quanto ele retorna o cigarro aos lábios.
Tão rápido quanto ele traz o chá.
- Canela?
- Adoro canela.
- Era só o que tinha. Fico feliz que seja do gosto de vocês. Será que vai demorar muito para secarem?
- Acho que amanhã estará tudo bem.
- É.
- Vocês já se conheciam?
- Não mesmo.
- Mas...
- Não podíamos evitar.
- Podemos fazer. Se quiserem.
Cruzaram olhares termos. Caiam gotas das asas molhadas.
(Samuel Gois Martins) 11/10/2004
“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””
Sunday, October 10, 2004
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