“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””

Wednesday, October 13, 2004

Vento e Migalhas

As bolas terminavam seu percurso na mesa de sinuca. Hoje não tinha jogadores. Hoje havia somente o vento.

O ambiente naturalmente impregnado pela nevoa de giz, depressão e um pouco das cinzas do meu cigarro. Seria muito bom se houvesse alguma melodia a somar o ambiente em algum tipo de retórica artística. Seria muito bom se eu pudesse dormir.

Dormir.

A lâmpada queimou.

- Não possui luz já faz muito tempo.
- Tempo suficiente para sombras aprenderem a falar?
- Mais ou menos. Você esta com medo?
- Não vi nada de interessante na minha vida. Cabei me tornando muito indiferente. Por isso abri um bar. A propósito, vai alguma coisa?

Tateei o botão de minha camisa. Costura mal-feita, logo vai cair.

- Eu não bebo.
- Imaginei. Não vi uma boca em você.
- Isso não tem muita lógica. Se fosse por isso sequer falaria.
- Algumas coisas dizem demais sem nunca sequer falarem.
- Esta me chamando de pintura?

Deixei cair cinzas dentro do copo. Elas fazem uma alucinante viagem ao seu fundo. Seria emocionante o encontro com o que sobrou da vodka. Duas das três coisas que me matarão estão trocando idéias.

- Estou te chamando de loucura.
- Não fale besteiras.

A coisa numero três não tem muito sentido e propósito. Comecei a entender porque é bom dormir.

- E quando nós vamos?
- Você já foi, faz alguns anos.

Nada de interessante.
Cabei me tornando muito indiferente. Seria muito bom se eu pudesse dormir. Sentido e propósito. A lâmpada queimou.

- Entendo. Eu que vim lhe buscar.
- Isso.
- Eu sou o vento.
- E eu, as migalhas. Vamos ver as bolas de sinuca em movimento.

(Samuel Gois Martins) 13/10/04

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