As chamas dançavam no ar, talvez caçando insetos. Talvez. Conclusões que vejo pela janela nada valem. Nada mesmo. O ar esta turvo.
- Culpe a montanha.
O inseto gigante e parado na porta do meu quarto. Tão feio quanto eu. Sua casca saliente, dura e viscosa deixa respingar no chão produto duvidoso.
- Da próxima vez venha com um pano. Você suja tudo por onde anda!
- A idéia foi sua.
- E a narrativa também. Vá embora, não quero mais o inseto nojento gigante falante.
Melhor assim, sem inseto.
- Sem janela também.
Perfeito.
E o ar continuava turvo. Isso aqui parece um hospício. Talvez porque eu seja louco. Ou quase isso. Sair. Preciso sair. Eu levanto, e para surpresa minha e de todos: um corredor.
- Sempre tem um corredor.
- Culpe a montanha.
- É você, meu amor.
- Sou eu, o seu amor.
- Então por isso apenas uma ilusão. Remédios.
Onde estão meus remédios?
De novo no quarto. A janela esta lá. O inseto também. Acho que pisei nele. Aqui estão os remédios.
Corredor escuro.
- Eu posso te guiar.
- Você, meu amor, nada poderá me dar.
- Não me chame de ilusão. Não seja cruel.
- Corredor escuro. Esquerda e depois direita.
E depois, e depois?
- Não me ignore. Não ignore o seu amor. É culpa da montanha, você sabe.
- Eu sei que logo saio daqui. Quero comer macarrão.
- Eu faço macarrão para você meu amor, todos os dias.
Estou descalço. Chão frio. Lembro de minha mãe mandando por as sandálias. Ironia. Lembro dela mandando comer com a boca fechada também. Cadê a maldita montanha? O ar esta turvo, não consigo respirar. Para onde foi o meu amor?
(Samuel Gois Martins) 09/10/2004
“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””
Saturday, October 09, 2004
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