Foi assim.
Começou a chuva.
- Sabe... Eu gosto da chuva.
- Eu entendo.
- Não é pelo clima, nem pelo frio, ou pela preguiça...
- Então o que é?
- O som da chuva lembra aplausos.
Ela levou o café aos lábios.
Tem vários cisnes de cristal sobre a mesinha da sala. O sofá já foi confortável há muito tempo atrás. Hoje sobrou apenas às dores nas costas.
- Original o seu jeito de gostar da chuva.
- Ela meche com o meu ego.
- É.
- Ela aplaude o nada, o silencio...
- É.
Parou de acariciar o meu cabelo, escutei o ranger do sofá. Passos inquietos até o banheiro. O som da torneira quebrada. Um palavrão irritado.
Ela volta com uma toalha sobre o cabelo. Aquela sala vazia de uma mulher solitária, o silencio, a chuva continua aplaudindo para o silencio. Os cisnes de cristal dançam divinamente.
- Você narra sem nunca existir.
- Você pegou nos meus cabelos. Eu acho que existo.
- Talvez na minha cabeça.
- Talvez a chuva esteja aplaudindo para mim.
- É... Talvez...
(Samuel Gois Martins) 14/10/04
“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””
Thursday, October 14, 2004
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