“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””

Wednesday, October 20, 2004

Restos do nada

Guardou seu orgulho dentro de uma caixa.

- Foi tudo que sobrou.
- Imagino.

Ela com desdém, é claro, puxou com fraqueza a caixa.

- Então é tudo que você tem para mim?
- É tudo que tenho para qualquer pessoa.
- Qualquer pessoa?
- Qualquer pessoa.

Alisando a caixa com as mãos.

Um leve assobio flutua com a brisa inesperada.

Alisando a caixa com as mãos. Talvez menos que a própria caixa. Seu conteúdo não vale nada.

Seus olhos não eram mais os mesmos. Cruzou com os dele. A pupila escalava morros de fogo e fúria, tudo bem contido dentro da cristalina.

- Não sou qualquer pessoa.

Bem contido, talvez. Mas nada discreto.

Abriu a tampa da caixa. Admirada, seria a melhor definição.

- Eu sei disso. Mas é tudo que tenho, e sei que é o suficiente.

Ergueu o punhal.

Sangue.

Uma pequena cachoeira, uma bela cachoeira. Seu vestido era branco.

- É verdade. O suficiente.

Levantou-se em leveza, com a caixa entre as mãos.

- Eu realizo seu ultimo pedido então. Eu carregarei o teu orgulho. Eu carregarei o teu sangue. E o seu outro desejo...

Sem mais existir atrás.

- O outro desejo... Deixo para os abutres.

(Samuel Gois Martins) 20/10/04

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