“o governo e diversas multinacionais pagam os alienígenas cabeçudos para bombardearem em nossas mentes propagandas e publicidades subliminares””

Sunday, November 23, 2008

por do sol

Assobia maldito. Assobia. Ele com aquela cara de imbecil que fez sexo anal com a namorada virgem fazendo gracinha no meio da rua. Ele tem um chapéu de cowboy e consegue assobiar ao mesmo tempo em que fuma seu cigarrinho de artista. Um vaqueiro maconheiro filhinho de papai que adora cuzinho. A rua é daquelas desertas, cheia de poeira. Estamos perto do por do sol, e logo o sino da igreja vai tocar. Ponho a mão entre as bolas para despregar os pentelhos do elástico da cueca, aproveito e ajeito o pau meio duro e meio mole pro canto para não chamar atenção. Vou saindo do bar para que o filho da puta possa me ver. E ele vê. Arruma o chapéu, da uma ultima tragada vai pro meio da rua. Começo a assobiar, acompanhando o dele. Sorrimos cinicamente um para o outro. O sino toca. Abrimos os zíperes de nossas calças, botamos o pau pra fora e começamos a bater uma. Foi uma dura batalha, mas ele gozou primeiro, provando que era um viadinho de merda precoce. Foi enquanto ele gozava que saquei minha arma e atirei e um de seus testículos. O grito dele podia ser escutado da lua. Agora ele esta ajoelhado na minha frente com um dos testículos estourado no chão e o outro arriscando cair pelo buraco do saco. Botei meu pau pra dentro da calça e fui até ele. Assobiando é claro. O desgraçado chorava feio e já estava completamente deitado sobre uma enorme poça de urina e sangue. Ele implorou para que o matasse de vez. Fiz que não escutei, passei direto por ele, subi em meu cavalo e cavalguei em direção do por do sol.

Wednesday, November 12, 2008

luciana

Luciana escutou o conselho. Calcinha deixa marca no vestido. A vagina de Luciana estava em todos os blogs e sites conhecidos possíveis. Estava em spans e nos e-mails de seus pais. Luciana viajou para o exterior, recomeçar do zero – dessa vez com calcinha. Luciana está morando em Londres e trabalha como vendedora de roupas de baixo. Lutaria para que ninguém tivesse a vagina em sites de internet blogs maliciosos. Tornou-se a melhor vendedora de calcinhas de Londres. Salvou a vida de varias estrelas dos terríveis paparazzos ingleses. Fizeram um filme sobre Luciana. Na festa de abertura, um vestido lindo – mas terrivelmente criticado pela marca da calcinha. O canal E! destruiu a reputação de Luciana com isso. Mas Luciana já estava viciada em fama, e faria de tudo para aparecer novamente na mídia. Começou a andar sem calcinha – e fazendo o possível e impossível para revelar sua vagina para o grande público. Era tarde, vagina estava fora de moda.

plout.plout.

Vai gotejando, fazendo ruído, plout, plout. Não importa quanta força use para fechar a torneira. Alguns segundinhos e plout, plout. Plout. Parece que goteja dentro do seu ouvido, saindo de sua cabeça para fora – o cérebro escorrendo, gotejando, plout, plout, e se vão os neurônios pela noite mal dormida. E se vão às lembranças. E se vão às idéias. Plout, plout. Os dedos dos pés começam a se mexer inquietos, dançando, pensando que plout é musica – e poesia. A torneira é um artista. Plout, plout. A cabeça afunda o travesseiro, e parece que não tem como respirar, enxergar, escutar. Mas o plout vem do fundo de sua cabeça, é o cérebro escorrendo, já falei. A paciência escorre junto. Vai se levantando, anda meio tonto até a torneira, nada de plout, plout. Não cai uma gotinha. O sono é grande para se conseguir pensar, ou escorreram os pensamentos no caminho até a torneira. Senta na privada, passa a mão sobre a cabeça - que parece mais leve. Coça a orelha encharcada, escorrendo algum tipo de pus. Fica lá parado. Deixa escorrer. Deixa fazer plout, plout. Transforma-se na torneira. Espera alguém irritado fechar com força. Até lá faz musica, e poesia também. Faz-se de artista e espera que fechem com força. Dando fim a tudo, a musica e a poesia. Plout.

Monday, September 22, 2008

30 anos

Preparou sua calça boca-de-sino, desgrenhou os cabelos, baforou erva e fez paz e amor com os dedos.
- Vagabundo!
Não foi dessa vez.
Ele arrumou seu topete com o pente navalha, sorriu descarado para a garota, apostou alguns passos de dança da década de oitenta.
- Viado!
Não foi dessa vez.

Então chegou a década de noventa e não existia moda nem um estereotipo identificável. Ele poderia ser qualquer coisa e provavelmente seria atraente. Vestiu-se como uma pessoa normal, calça normal, camisa normal. Fez a barba, cortou o cabelo medianamente.

Aquela seria sua grande noite, e a melhor década de todos os tempos.

Naquela noite acontecia uma convenção de fãs de Star Wars, e a rua estava infestada de Stormtrupers, Darth Vaders, lukes Skywalkers, Ham Solos e Princesas Leias. Ele nunca tinha assistido Star Wars, estava ocupado demais tentando conseguir garotas, e confundiu aquilo com alguma espécie bizarra de rave futurista. “Rave é pura década de noventa!”, pensou ele.

Rapidamente ele se enfiou na multidão que entrava naquele centro de convenções, e toda aquela louca variedade de pessoas fantasiadas como marcianos e homens de penico. A garotas de biquíni acorrentadas por gordões fantasiados de merda. Coisa da pesada mesmo.

Mas nem tudo são flores.

Ele vê algo que lembraria um surreal balde de lixo e tenta desencaixar a tampa de cima para jogar os panfletos que recebera. Ele acaba por destruir a carcaça original do R2 D2. Um Wookie grita. Vários gorduchos gritam enfurecidos. Eram centenas de pessoas armadas com sabres de luz de plástico cheias de testosterona acumulada.

Ele correu, mas a força não estava do lado dele.

Se arrastando, completamente espancado se depara com belas garotas na rua que assistiram toda a cena.
- Nerd!

Saturday, September 20, 2008

desabafo

Gostaria de saber o que esta acontecendo com o meu coração. Ele bate lento, sereno. E acordo todos os dias tranqüilo, parecendo que está tudo bem. “Esta tudo bem”, digo para mim olhando para o espelho do banheiro, naquela primeira escovada de dentes após acordar. Meu reflexo fala “Esta tudo bem”, sem ponto ou interrogação. Respondendo a própria pergunta, e o contrario também. Estou sereno, às vezes sorridente – mas sempre reflexivo. Pensar demais faz mal, já me dizia isso há muito tempo. Preciso começar a escutar meus conselhos.
Estou pelado, com o pênis enrugado, menor que o normal. O corpo molhado de uma água gelada de chuveiro. Fico alguns minutos em silencio, muito cansado para chorar, muito renovado para me arrepender. É segunda feira.

Monday, September 15, 2008

homem-aranha

O garoto subiu a arvore. Usava camiseta vermelha, bermuda e estava descalço, e subiu a arvore. O garoto era meio moreninho, um tanto rechonchudo, provavelmente cinco anos, e estava subindo a arvore, bem alta. O garoto tinha um cabelo de cunha engraçado, e parecia bem simpático, subindo a arvore. O garoto é um vizinho, e eu no meu jardim cortava a grama enquanto ele subia a arvore. Ao chegar no topo gritou “eu sou o homem-aranha!”, e pulou frecheiro até o chão. Foi um som abafado seguido de um crec. Fiquei olhando paralisado, tentando entender o que tinha acabado de ver. O grito da mãe foi rápido, e pessoas começaram a se amontoar ao redor da casa. Chegou ambulância, policia e tudo mais. As pessoas diziam que eu estava em choque. Eu achava que ele não era o homem-aranha.

Monday, August 11, 2008

cachorrinho

- Proibiram o cachorrinho.
Todos na sala se calaram, engolindo seco. Não usava muito o Orkut mesmo. Eles pegaram pesado quando cortaram o YouTube, e cortar os menssegers é compreensível num ambiente de trabalho – mesmo que esse seja uma empresa de comunicação. Mas porra, o papel de parede do cachorrinho não fazia mal a ninguém. Tive de sair da sala. Precisava tomar água, um pouco de ar – pensar bem para não fazer merda. Ainda não posso pedir demissão.

Ainda não.

Thursday, August 07, 2008

roca de fiar

Estou preparada para condenar toda a humanidade em busca de um amor verdadeiro. Juntei meses para comprar uma bela cama, um castelo e muros de espinhos com direito a labirintos. Permiti a morte de algumas pessoas para conseguir a lendária roca de fiar da bela adormecida. Só Deus sabe por quantos séculos permanecerei adormecida até que meu verdadeiro amor venha a me beijar. Dizem que provoca efeitos colaterais nas pessoas ao nosso redor, que adormecem junto ou coisa do tipo. Como já disse, estou preparada para condenar toda a humanidade se assim tiver de ser. Passaram-se alguns anos. Séculos. E para minha desgraça um amor verdadeiro me beijou. Os olhos estavam embaçados e demorou alguns minutos para poder enxergar. Era uma mulher. Ela sorriu para mim, meio desajeitada. Vestia roupas, diríamos, futuristas. Ela quis me beijar novamente, me chamou de meu amor. Desviei o rosto, ela apertou meus seios – e foi bom. Ela começou a beijar o meu pescoço, fizemos amor. Ela percorreu todo o meu corpo, descobriu que eu estava menstruada, um doce nem comentou, continuou lá até me dar um orgasmo. Quem diria que sou lésbica. Ela subiu, estava coberta de sangue. Nos lambuzamos com os restos meus óvulos. Era tanto sangue que não me contive “Você também?”. Ela começou a soluçar, revelou uma faca, comecei sentir dor. “Muitos estavam sofrendo por sua causa, meu amor”. Não conseguia mais falar, e mal meus olhos desembuçavam tudo estava se apagando. “Eles precisavam parar de dormir, me perdoe”.

Thursday, July 24, 2008

caspas

Tocou alguns acordes, bebericou e começou a fazer aquilo que chamavam de cantar. Eu descascava caspas da cabeça, encostado em uma mesa de sinuca quebrada. Ele da outro gole e fala que a canção é em minha homenagem. Cruzo as pernas lembrando que estou de saia, a musica é horrível. Tem umas dez pessoas, ou quinze no máximo naquele recinto. Tudo fedia a banheiro, e o banheiro fedia a tudo. As pessoas parecem tão animadas quanto eu, mas acredito que sou uma boa mentirosa e toda vez que ele olha para mim sorrio, como que maravilhada e emocionada. Ele deve estar fedendo muito a suor, e provavelmente bêbado o suficiente para querer transar quando chegarmos em casa. Não quero nem imaginar o cheiro do pau dele. De qualquer forma vou estar com tanto sono que acho que não vou sentir muita coisa mesmo. Ele faz um taramramramram coma guitarra, pula empolgado quase tropeçando nos muitos fios daquele palco improvisado. Se apoiar tonto no microfone, um gato pingado aplaude. O show acaba. A mesa da sinuca deve estar coberta de minhas caspas.

Monday, July 07, 2008

O problema de Mauricio

Deve ser uma chance de 1 em 1 milhão. Não, 1 em 1 zilhão provavelmente. Mas nada é impossível. O jovem Mauricio nunca conheceu seus pais, e não por uma questão de abandono em orfanatos ou lixeiras. Os pais de Mauricio provavelmente nunca saberão que o geraram. Mauricio nasceu em uma privada, numa destas chances de 1 em 1 zilhão, uma mulher menstruada desovou um óvulo que ainda estava vivo. De encontro com este óvulo estavam nadando alguns espermatozódes de alguém que se masturbara minutos antes naquela mesma privada. Coisa de louco, impossível mesmo. Mas a vida é um milagre e do encontro entre estes espermatozóde e óvulo sobreviventes começou a gestação de Mauricio. O óvulo fecundando então se alojou no cano da privada onde sobrevivendo as custas dos nutrientes que sobravam das fezes dos usuários da privada. Mauricio foi crescendo até o dia que a privada entupiu, e alguém chamou um encanador que provavelmente fez sinal da cruz ao encontrar um feto de seus seis meses preso no cano da privada. Mauricio foi criado por este mesmo encanador, que o batizou com o nome da marca da privada na qual ele foi gerado. Mauricio veio da merda, e sobreviveu através dela. Passou mais alguns meses em uma incubadora num hospital onde nem os mais renomados médicos do mundo puderam explicar a possibilidade da existência de Mauricio. Apesar da bizarra origem, Mauricio cresceu como uma criança normal, saudável e muito educada. Era o melhor da turma, e muito bonito. Com apenas uma única perturbadora peculiaridade explicavel por Froid devido a suas origens. Mauricio é adepto da fecofilia.

Monday, June 16, 2008

ele

Comecei a pesquisar na internet sobre transtorno bipolar. Descobri que antigamente transtorno bipolar era denominado como psicose maníaco-depressiva. Onde li alegavam que a mudança do nome foi porque uma pessoa que sofre de transtorno bipolar não é necessariamente um psicótico. O inicio deste transtorno começa geralmente pelos 20 a 30 anos de idade. Puxei a carteira de identidade numa carteira em meu bolso e descobri que tenho vinte e dois anos. Já estou no tempo então. Um sintoma é a sensação de a sensação de invencibilidade, megalomania e humor exagerado mesmo diante de acontecimentos ruins. Rir da própria desgraça. Levanto-me por um momento da cadeira e vou ate o banheiro, olho meu reflexo no espelho reconhecendo essa pessoa, gorda, óculos, cabelo emaranhado, olhar caído. “Há, há”, falo. Tentando sentir a graça desta desgraça que seria a minha aparência. Nem um pouco engraçado, e provavelmente não me sinto invencível, principalmente após descobrir meu genótipo físico. Bem, a hiperatividade também é um sintoma. Ponho a mão sobre minha perna e a sinto se movendo rapidamente, como num tique nervoso. Certo, isso pode ser interpretado como hiperatividade. Espasmos de raiva, hum, não estou com isso no momento. Mas estou com a sensação que me encontro em depressão. Depressão também é um sintoma preocupante. Mesmo que eu não tenha transtorno bipolar. Li que níveis altos desencadeiam dupla personalidade. Olho novamente a carteira de identidade, leio um nome que não é meu. Pergunto-me por quanto tempo essa pessoa tem tomado o meu lugar, e onde estive por tanto tempo desacordado. Lembro do médico, das injeções e lembro de meus primeiros brinquedos. Não sei porque consigo usar a internet sem estranhá-la, talvez porque o aprendizado fica em uma outra parte de meu cérebro. Estou com medo de dormir, e a pessoa que usa esta identidade acorde. Tomo café forte, e um banho gelado para continuar acordado. Procuro toda e qualquer anotação nas coisas do quarto dele, tentando saber mais a respeito. Quem é minha mãe e meu pai? Tenho namorada? Preciso encontrar um psiquiatra antes que adormeça. Acho uma lista telefônica, e começo a procurar por telefones. Os olhos pendem, e já são seis horas da manhã. Vou para cozinha preparar mais café. Minha perna continua se mexendo, nervosa; cada vez mais rápido. Pelo menos não sou um psicótico.

Monday, May 26, 2008

re

Pés em chama, ele saiu a correr feito um louco desvairado, pulou na primeira poça d’água que encontrou, só não contava com o fato dela ser um buraco muito profundo que o levaria para algum lugar. Entre o alivio dos pés molhados e o desespero de estar perdido, ele tirou a camiseta, rasgou e enrolou-a nos pés. Mesmo com isso doeu bastante ficar de pé. Como mencionado tudo completamente escuro. O chão era firme e plano, com a textura de uma pedra um tanto áspero. Estava molhado também, em alguns momentos escorregadio. As paredes estavam bem próximas, dando a conclusão de que aquilo era um corredor. O lugar cheirava a terra molhada. O molhado do chão atravessava as ataduras dando algum conforto as queimaduras. Ele continuou andando, tateando pelas paredes, com muito cuidado para não escorregar ou pisar em algo que representasse perigo. Pensava como diabos foi parar ali. Lembrou de sua mulher, que saiu para comprar cigarros. Era dia de limpeza, daqueles litros e mais litros de água sanitária espalhadas pelo chão com tanto afinco, do incêndio, de sair correndo, de cair neste buraco, dos pés ardendo. Provavelmente não sobrou nada da casa. Tirando as descobertas do tato, a única coisa que era possível identificar com os sentidos era um som muito fraco de gotejar no fim do possível corredor. O som aumentava, mesmo que muito sutilmente, cada vez mais adentro que ele entrava. Sentir aquela gota no rosto era maravilhoso, apesar do gosto um tanto amargo. Melhor ainda foi olhar para cima, e ver uma leve claridade. Começou, se apoiando entre as paredes do corredor, a escalar até a fonte de luz. Os pés doíam demais, e as mãos também se cortavam durante o processo. Mas não tinha outro jeito, era escalar para sobreviver. Lá encima, um pequeno buraco, do tamanho do ralo de uma pia. Ele tentou ver alguma coisa pelo buraco. Mas não conseguia compreender o que estava do outro lado. Enfiou o dedo, sentiu que o buraco podia ser esticado, antes que pudesse fazer qualquer coisa uma mão saiu do buraco e o puxou pelo braço. Ele começou a gritar, por algum motivo não queria mais sair dali, tinha se apegado ao lugar. Aquela mão era enorme, e ele era impotente quanto ao que acontecia. O próprio lugar em que se encontrava parecia querer expulsá-lo. Começou a chorar, já estava com a cabeça de fora, a luz ardia em seus olhos. Estava de cabeça para baixo, era tudo branco e luzes. Era pequenino, e o gigante que o agarrava lhe golpeou. Começou a chorar, sentindo uma dor imensa em seus pulmões. Os panos enrolados em seus pés estava como que grosso, como um cordão entre suas pernas, preso ao seu umbigo. Não sabia o que estava acontecendo. Estava completamente confuso. Só conseguia chorar. A plenos pulmões. Tudo estava turvo. “É um menino!”, escutou.

Wednesday, May 14, 2008

meme

Amarrado em uma cadeira. De cabeça para baixo, pendurado, sobre uma piscina de acido. Nadando no acido, tubarões geneticamente alterados. Estava por um fio – literalmente, um fio que estava amarrado à cadeira, muito fino e de uma resistência até agora... Louvável. Lá embaixo, um velho corcunda de cunho cientista maluco, alisando um gato sem pêlos. Como as chances de escapatória eram poucas, pensei em uma lista de coisas que gostaria de ter feito até então. Antes de qualquer coisa, gostaria de ter sido mulçumano, e tendo me casado com mais de uma mulher. Sempre me perguntei como seria ter umas três, quatro, cinco mulheres me amando e me servindo. Tudo bem, sou machista – dêem uma trégua, vou morrer já já de qualquer forma. Também gostaria de ser rico, esbanjar dinheiro por ai arrogantemente. Queria ser rico por motivo nenhum, e continuar assim até o fim de minha vida realizando todos os meus desejos de consumo imbecis. Dizem que dinheiro não traz felicidade, mas te asseguro que algumas coisas que eu pudesse comprar com ele trariam. Adoraria ter viajado para o Haiti, para me tornar aprendiz de voodoo. Sou fascinado por voodoo. Queria muito fazer zumbis. Outro sonho seria matar os zumbis. Olha, criar um exercito de zumbis, e depois com uma arma sair estourando a cabeça deles deve ser um prazer superior ao do sexo. Gostaria também de ter continuado minha carreira como ufólogo. Por mais ridículo que fosse, eu gostava, e gosto – me sentia feliz ao procurar alienígenas por ai e fotografar objetos voadores não-identificados – em meio a isso realizaria o maior de meus sonhos que seria conhecer uma alienígena mulher – fazer sexo alienígena com ela e ter vários híbridos alienígenas. Depois escreveria um livro onde um bando de imbecis comprariam fascinados. Outro sonho, de fato. Escrever um livro – até o fim. A fina linha começa finalmente a romper, meio que se esticando até o momento que encontrará um ponto critico. Um bom objetivo, também, seria fazer uma dieta de fato, para que pelo menos essa linha demorasse um pouco mais para romper. Truf, rompeu a corda. O cientista louco ri enquanto o gato mia. Os tubarões pulam para competir pela minha carne, o acido respinga e é a primeira coisa que sinto antes de tudo ficar vermelho, depois escuro.

Monday, May 12, 2008

Como Vênus morreu

Júpiter, muito cansado, dando os últimos respingos de sua urinada, suspira cantarolando pra si mesmo uma canção de ninar que sua mãe cantava. É daqueles banheiros que até o som do zíper faz eco. Fora do banheiro, em um corredor de faculdade, Vênus enrola o cabelo entre os dedos numa espécie de tique nervoso. Ela pode escutar o som de descarga, presta atenção também para certificar que ele valou as mãos, quase colando o ouvido na porta do banheiro. Os outros passam olhando com estranhamento. Desses que passam, Marte, nem liga muito – estando mais preocupado em acender seu cigarro. “Tem fogo”, ele pergunta pra um colega no fim do corredor. “Claro”. A fumaça sobe a ritmo lento até o primeiro andar do bloco, onde está Mercúrio tentando rabiscar um desenho cômico de uma cena que viu há poucos minutos atrás, onde Saturno escorregou em uma casca de banana. Essa casca de banana foi o lanche de Saturno que é um porco, bem, pelo menos é o que Terra sempre fala para Urano. Mas na verdade ela é meio caidinha por ele. Urano é gay, mas nunca vai admitir – está fazendo curso para padre pra trazer orgulho a família muito católica. Urano também estava passando pelo corredor, para ir ao banheiro, entra logo quando Júpiter está saindo, e da uma piscadela pra ele. Vênus olha feio, pega Júpiter pelo braço e o puxa para a cantina. Júpiter não gostou nem um pouco, e depois de comer com Vênus chamou Saturno para juntos quebrarem Urano. “Aquela bixa!”, eles cerram os dentes. Marcam para espancar o coitado no final da aula, no estacionamento. Foi horroroso. Terra viu tudo e passou a se odiar por se sentir atraída por Saturno. Quem a encontrou chorando pelos cantos foi Mercúrio, que para fazê-la sorrir lhe desenhou uma caricatura. Ela sorriu – mais ainda quando Urano ao denunciar Júpiter e Saturno conseguiu fazer com que ele fossem presos. Vênus não suportou a dor e cortou os pulsos.

Friday, May 02, 2008

culpa

O telefone tocou, “Ele morreu”. Foi cômico e trágico, confundi os nomes e falei para outras pessoas que a pessoa errada estava morta. Após ligar novamente para as pessoas, envergonhado e triste por ter confundido o morto. Toquei-me que a pessoa que realmente havia morrido era alguém muito importante para mim. Um amigo que conheci quando ainda era bem pirralho. E que de certo modo, influenciou muito em minha personalidade. Era um grande amigo, e que apesar de com o tempo, ter perdido o contato, um reencontro sempre era motivo de festa. Explicações, um dia estava bom, noutro estava mal. Parecia que ele sofria de alguma doença rara, não sei. Eu só sabia que o enterro seria em poucas horas. O enterro, vários rostos conhecidos, alguns que não via há anos. Pessoas que seria maravilhoso reencontrar, todas juntas. Mas o reencontro foi um enterro, onde morria o amigo, filho, irmão, namorado, neto e sobrinho. Todos choravam, menos eu. Bem dizer, só chorei quando vi a mãe dele. A cena foi demais, e com certeza não deve existir cena mais triste que uma mãe enterrando o filho. Para explicar melhor, eu não estava no enterro, e sim velório. Fiquei até quando levaram o caixão embora. Preferi não acompanhar mais. Estava me sentindo culpado, por não conseguir chorar, pela ficha não cair. Fui até o shopping, caminhei um pouco por lá. Vi um filme no cinema. No outro dia começaria meu primeiro emprego. Meu aniversario também era naquela semana. A semana correu normal. Em um dado momento a ficha de que nunca mais encontraria ocasionalmente aquele grande amigo caiu. Mesmo assim não chorei. Fiquei triste, desanimado – e me sentindo culpado ainda por não conseguir chorar. Os dias continuaram.

Monday, April 28, 2008

realidade

Uma colega grita. Olho até a outra ponta do escritório. Mandaram um e-mail para ela, com um vídeo onde uma cobra matava com requintes de crueldade uma criança. Ela grita baixo, lacrimeja, faz cara de horror “que mente horrível espalha isso pela internet?”, ela indaga revoltada. Eu presto atenção, concordo com a cabeça. De fato, que tipo de pessoa teria prazer em gravar um vídeo onde uma criança é atacada por uma cobra, e, em seguida, espalhar tal vídeo doentio pela internet. Mais precisamente e-mails de senhoras católicas. É um monto horroroso esse em que vivemos. Entra um outro colega na sala, como sempre num atraso médio de trinta minutos. Ele se senta ao meu lado, digo “Bom dia”, “Bom dia”, ele responde. Ele liga o seu computador. Sinto sede, pego minha garrafinha, abro a tampa e viro. Nenhuma gota sequer. Então me levanto segurando a garrafa e vou ate o bebedor. Saio da sala, sigo um corredor que no final encontra-se a maquina de xerox, viro a esquerda onde estão os banheiros e lá está o bebedor. Lá já se encontra uma outra pessoa, enchendo sua respectiva garrafa. Nunca vira aquele funcionário, e ele vestia-se como o Popeye. O marinheiro viciado em espinafre. “Se tem uma coisa que eu gosto mais do que água é espinafre!”, ele comentou enquanto terminava de encher sua garrafinha. Não consegui ficar impressionado com a afirmativa, naquele momento parecia aceitável ter como colega de trabalho o marinheiro Popeye. Não pude resistir e perguntei “Como vai a Olívia?”. Seu rosto mudou instantaneamente, parecia chateado, melhor dizendo, preocupado. “Está na clinica, não consegue se curar da anorexia”. Desejei melhoras, dei um tapinha em seu ombro e voltei para meu escritório. Esqueci de comentar que antes da sala onde trabalho fica uma secretaria – que no momento era a Betty Boop. Ela fazia as unhas. As pernas torneadas se cruzavam de forma sexy em contraste com sua enorme cabeça assobiando com encantadora voz anasalada. “Bom dia”, falei. Ela piscou para mim e continuou cerrando as unhas enquanto assobiava. Entrei em meu escritório. Lá estavam apenas pessoas comuns, fazendo seus trabalhos comuns. Sente na frente do computador, abrir as tabelas de gráficos, movimentei-me apara atualizá-las. Minha chefa entrou e chamou todos para uma reunião. Perguntei se Popeye e Betty Boop também iriam para reunião. Ela olhou para mim como se eu estivesse louco. Os outros riram, ela riu junto me chamando de brincalhão. Nos levantamos em direção a sala de reunião. A mesa da secretaria estava vazia. Na sala de reunião, todos estão parados como que pasmos, passo por eles e lá está Popeye regulando o datashow enquanto Betty Boop organizava os papeis na mesa. Como da ultima vez ela piscou para mim. Popeye sorriu e me perguntou como funcionava aquele datashow. Aproximei-me para ajudar.

Wednesday, April 23, 2008

boas intenções

Cansei das boas intenções. Foi um estralo repentino em minha mente, deixei cair à concha com sopa dentro. Esparramou-se pelo chão. O mendigo me olhava sem entender, um prato fundo sobre as mãos esperando alguma coisa – provavelmente sopra. Dei-lhe sopa então, chutando a enorme e quente panela. Ele gritou de dor e agonia, dava para escutá-lo queimando também. Todos na fila de mendigos se horrorizaram. A menina que eu queria comer fazendo atos humanitários começou a gritar – eu sai correndo, os pés estavam leves, parecia que eu podia voar – estava livre. Não demorou muito para meu rosto ser procurado pela policia. Os noticiários pronunciavam meu nome as pessoas comentavam a respeito nas ruas. Contabilizei tudo que já doei para a igreja. Centavo por centavo. Na frente da igreja uma bela estatua de São Jorge segurando sua lança contra o dragão. A lança de ferro podia ser destacada facilmente e com ela ameacei a vida do padre para arrecadar o patrocínio de minha próxima empreitada. Não estava fugindo de ninguém. Todos veriam que eu cansei das boas intenções.

Tuesday, April 15, 2008

escrever

Cheguei muito cedo ao trabalho. Este é o meu momento preferindo, o silencio. Escritório vazio, luzes apagadas, o único som que ressoa é o de meu computador processando, e das teclas batendo enquanto digito um texto. Esse barulho das teclas no silencio são o meu ápice. Lembram-me quando comecei a escrever, e sofria de insônia. Passava noites escrevendo no silencio; no escuro. As manhãs tem sido frias, o que deixa minha pele mais macia, e as teclas frias. Provoca um certo ardor. Às vezes de tão geladas alguns teclas que as pontas de meus dedos meio que grudam levemente – e a sensação de quando se soltam um do outro me faz gemer baixinho e revirar os olhos. As vezes perco o controle e dasf bhjmk uj,lkt f 7 esfrego minhas mãos sem parar sobre o teclado, sentindo os botões se contorcendo debaixo, o som intenso das teclas maciçamente por todo o escritório. Eu gemo junto, agora esfregando meu rosto sobre o monitor. O vidro da tela gerada me enlouquece, meu bafo embaça as palavras no Word. Subo sobre a mesa, abro o zíper, esfrego meu pênis sobre as teclas uhwreuoanhikHJET´PAEKE[]lomknoooonfdeojeg até o momento que não fazem mais barulho de tão meladas pelo meu sêmem. O computador goza junto comigo, terminando um texto e concedendo a visão de nosso orgasmo de palavras e dados. É maravilhoso, e o silencio...

Tuesday, April 08, 2008

Conto recortado

Eu raramente faço a bar
ba. Acho que serei demiti
do por isso. Eu rarament
e corto o cabelo. Não qu
e ele seja muito grande.
Na verdade acho que estou fican
do careca. Daí um dia senti muita coce
ira em meu queixo.
E fui, sem querer, arrancando pel
os de minha barba.
No lugar ficou um burac
o horrivel. Decidi fazer a ba
rba. Cortei o escesso co
m uma tesoura. Passei cr
eme de barberar. Raspei todo com uma lamina.
Ficou lizinho.
Decidi cortar o cabelo, e com a teso
ura e um penico. Fiz um corte penico.
Quando fui me olh
ar no espelho. Cadê meu rosto?
Foi junto com a bar
ba, e o cabelo mal arrumado. Tranfo
rmei-me em minha barba. Não reco
nhecia mais aquele individuo ali na frente.
Mas provavelmen
te ele não sera deminitdo.

Thursday, April 03, 2008

abstração

Eu tenho um amigo poeta. E todo dia, me vem com uma poesia para que eu possa opinar. Certo dia ele veio com uma que dizia:
OH
“Oh”, eu falei. O rosto dele demonstrou frustração – daquelas que os poetas geralmente tem. “Não é um Oh! É um Ho!”. Virei o papel para então poder ler o ‘Ho’. Mais uma vez o roso de meu amigo engilhou-se em frustração poética. “Você não entende mesmo, hein?! Minha poesia é um Ho de cabeça para baixo. Não consegue ver a profundidade disso?!”. Virei novamente o papel, olhei para o Oh, e li “Ho”. Ele se acalmou e perguntou o que eu achava. Eu disse que via um conto, e não uma poesia. “Como assim?!”, ele indagou. Falei que era sobre uma bola subindo uma escada. E sobre o barulho que ela provocou quando subiu o primeiro degrau. E logo em seguida, o que exclamou após pular a escada.

Tuesday, April 01, 2008

adulto

Amanheceu chuvoso, a noite passada havia sido muito boa. Eu botava pedacinhos de papel onde sangrava, após ter feito a barba. Apenas de cueca, com a cara cheia de pedacinhos de papel ensangüentados. Fui até a varanda do apartamento para ver a chuva. O Céu ainda estava sem Sol, e concluí que ficar de cueca na varanda chamaria atenção dos vizinhos. A pele barbeada ainda ardia por causa da loção e o frio. Ao voltar para seu quarto me deparei com um brilho incomum, daqueles que dão ataques aos epiléticos. Identifiquei uma espécie humanóide no brilho – como que uma mulher nua. Pensei em dizer “eu não acredito em fadas” só de sacanagem. O brilho diminuiu um pouco, e a vi sorrir. Fiquei com vergonha por estar apenas de cueca, e com papeizinhos vermelhos na cara. Mas ela estava nua e brilhando, o que permitiu me sentir natural. Falei “o que porra é você?”, para quebrar o gelo. Ela deu uma risadinha agoniada. Veio voando até próximo de meu rosto. Agora eu podia ver seus pequenos fartos seios, pernas e corpinho – bem gostosinha até. Seus olhos eram fundos, sem pupilas. E não possuía uma cor definida. Como falei, feita de uma luz que provoca ataques de epilepsia. “Não lembra de mim?”, ela perguntou. Sua voz era baixa, agradável e infantil. Nunca fui um garanhão – mas manter relações com uma fada seria o fundo do posso. “Nem um pouco. Você é um alienígena?”. “Não, seu bobo. Sou uma fada”. “Notei, tava só zoando”. “Você ainda é engraçado”. “Eu não acredito em fadas”. O rosto da fada se encheu de desespero. “Eu posso falar até ser a sua vez de cair como um mosquito. Abre logo o jogo e me diz o que você quer”. Ela tentou voar para longe de mim, mas fui mais rápido com meus reflexos de punheteiro. Ela estava em minhas mãos. Eu poderia esmagar seus frágeis ossinhos num piscar. “Quando você era criança, brincávamos juntos no jardim! Não lembra? Você era um menino bom, e me foi dado o direito de visitar o seu mundo mais uma vez – e era você que eu queria ver!”. Minhas mãos afrouxaram um pouco para não machucá-la. Lembrei de quando era criança, do jardim, e dela. “Perdoe-me...”, falei, a soltando. Ela se distanciou de mim, até a janela. Estava chorando. A chuva engrossou, e ela não tinha como sair no temporal. “Eu era um menino bom. Mas sou um adulto deplorável. Perdi minhas paixões desacreditando com o tempo. Fiz um concurso público e me afundei no mais do mesmo rotineiro e sem cores. Passei a tratar todos como objetos e posses. E eu mesmo em transformei em uma maquina sem consciência”. Ela ainda estava séria. Dizem que o mundo das fadas é tão cruel e sinistro quando colorido e singelo. Ela soltou umas palavras – provavelmente feitiços. Quando dei por mim transformei-me em uma criança novamente. A cueca desceu por minhas pernas e a operação de fimose se foi junto com os pelos pubianos. “Como punição você será meu amigo para sempre”, ela terminou.

Thursday, March 27, 2008

papelada

Uma colega de trabalho meche com muitos papeis, papeis por todo lado, cheios de gráficos, números, e tudo que possa piorar o conceito de ‘papelada’. Pois bem, uma vez estava eu chegando mais cedo que o habitual no trabalho – e antes de abrir a porta escutei um ruído estranho. Aproximei o ouvido da porta e identifiquei como que um choro, ou um gemido, talvez. Abri lentamente a porta, e para minha surpresa estava a minha colega de trabalho, atualizando dados de gráficos em meio a papeis e mais papeis. Parecia normal – tirando o fato de que não imaginava que pessoas chegassem mais cedo que eu no trabalho. Preferi não fazer perguntas. Fui até minha mesa e comecei a trabalhar. Os outros dias correram normalmente, e não cheguei mais tão cedo no trabalho por um bom tempo. Mas, cedo ou tarde, acabaria chegando mais cedo novamente. E novamente, me vi diante da porta, escutando os ruídos misteriosos. Dessa vez não abriria a porta lentamente. Seria rápido e violento, com um chute na porta, pá! A visão foi singular. Minha colega de trabalho arreganhada, sentada na cadeira, com as pernas sobre a mesa, enfiando um enorme... Rolo de papeis de gráficos em sua vagina. O mais engraçado é que ela nem me notou – pois estava tendo um bombástico orgasmo – como eu poderia definir. Mas não demorou muito para me ver, e antes de gritar conter-se para pensar no que dizer. “Não é o que você está pensando”, ela falou. “Não estou pensando em nada, não quero pensar em nada”, respondi. “Eu posso explicar...”, falou arreganhando novamente as pernas, agora em minha direção.

Wednesday, March 26, 2008

Garth Ennis

- Acredito em um Deus do primeiro testamento. Cruel, que destrói cidades inteiras, e manda seus profetas matarem seus próprios filhos só para posar de fodão no final. Que cria bárbaros cabeludos super fortes para serem lideres do que daria inicio a maior fé ocidental de nossos tempos. Eu tenho medo desse Deus, um temor angustiante que aumenta a cada palavra que escrevo. Esse é o Deus fodão que vai chutar as sete bundas de Lúcifer no dia do juízo final.

Todos aplaudiram, chorando emocionados com o sermão do novo profeta de nossa geração. Jequi nasceu de família simples, e desde cedo nas ruas demonstrava suas habilidades milagrosas. Uma vez ele transformou todo o sangue de um traficante em vinho e conseguia ter relações sexuais com virgens mantendo-as virgens. Ele poderia ser um super-herói, mas encontrou Jesus primeiro – pessoalmente, é claro. Os dois estavam em um bar, e arrumaram uma briga por causa de um jogo de cinuca com uns grandalhões. Jesus fez com que saísse peixes por todos os orifícios dos caras.

Tuesday, March 25, 2008

comedora de papel

Não estou feliz com essa merda toda. E seria mais um dia indo trabalhar, pegando ônibus, subindo a ladeira do centro e agüentando meus colegas de trabalho discutindo futilidades. Fiquei puto de vez. Dormir até as nove horas, não, dez horas. O celular não parava de tocar. E já estava lotado de diversas ligações não atendidas, de familiares, chefes e namorada. Peguei o celular, enfiei na privada e dei descarga. Em seguida tomei um banho longo, com direito a bolhinhas de sabão por todo o apartamento. Enxuguei-me e fui até a cozinha, onde botei yogurt com vodika para a cachorra tomar. Sai peladão mesmo por ai, todos me olhavam horrorizados – gordo e peludo. Eu acenava para eles e dizia “Sim, é pequeno mesmo.” A policia quase me pegou, mas fui mais rápido e invadi um ônibus. Todos saíram assustados, e ameaçando urinar no motorista o obriguei a dirigir até o meu trabalho. Eu deveria bater o cartão logo na entrada da empresa, mas não tinha bolsos e não deu para levá-lo. Os seguranças me reconheceram e antes de cumprimentar, como sempre cumprimentavam, deram conta que eu estava sem roupas. Primeiro ficaram preocupadas, perguntando o que houve, se fui assaltado. Pegaram uma toalha e me cobriram, entrei na empresa e fui até a sala de meu chefe. Ele olhou assustado e pasmo com a cena. Comecei a me masturbar sobre a maldita impressora que sempre comia papel. Graças a meu orgasmo precoce consegui fugir antes dos seguranças me alcançarem. Aquela maldita impressora merecia.

Thursday, March 13, 2008

a culpa é do marketing

Os fumantes que me perdoem. Deixar o cigarro é mais fácil que perder peso. Sinto isso na pele todos os dias, a cada momento. Trabalho com marketing, e esse ramo é nojento quando se trata da criação de campanhas promocionais para guloseimas. No meu caso tive de elaborar para uma empresa de chocolate. Eu amo chocolate. Passar doze horas do seu dia, durante uma semana e pouco pensando em chocolate com certeza foi um martírio digno da ultima tentação de Jesus Cristo. Ou pior. Jesus é filho de Deus, eu sou apenas obeso. Ontem mesmo – foi horroroso – estava em um supermercado e o bendito chocolate estava em uma promoção – a minha promoção – e espalhado por todos os setores daquele flagelo chamado ponto de venda. Não teve outra, cai em minha própria armadilha comercial. Foram vinte reais de chocolate no total. O que para o preço daquele chocolate já representava níveis inumanos de gordura em meu sangue. Voltava dirigindo, nervoso, o saco cheio do desgraçado chocolate estava no banco do lado, pra lá e pra cá. O saco foi mal amarrado, em uma curva brusca espalhou todos os chocolates pelo carro, um deles debaixo do pedal de freio. Não consegui frear, o carro foi direto e bateu em cheio no da frente. Ninguém se acidentou. Mas a motorista da frente demonstrava-se bem pura, e veio a passos largos e firmes até mim. “E agora?”, ela reclamou. Nem pensei duas vezes.“Chocolate?”, perguntei.

Tuesday, March 11, 2008

Ausaimer

Havia uma senhora muito simpática, não lembro bem seu nome. Uma pessoa simples e batalhadora. Sustentava a si mesma e o esposo que se encontrava no triste estado do ausaimer. Mas era engraçado como ela sempre estava alegre, sentada ao lado de seu esposo inerte que apenas respirava, babava e enchia sua frauda geriátrica. Uma vez perguntei como ela estava, se a situação do esposo a incomodava muito. “Não mesmo, meu jovem. O garanhão não está broxa ainda”, Ela respondeu dando uns tapinhas sacanas na perna do velhinho.

Thursday, February 28, 2008

onde e como

Parecia existir um sino na cabeça, enorme, tocando pra doer, dentro de sua cabeça. Rodolfo passava as mãos pelo couro cabeludo como que cavando o câncer, ou seja lá o que for que provocava tanta dor. No banheiro, olhando para o espelho, seus olhos vermelhos por completo revelavam uma hemorragia, ou derrame, quem sabe. Os ouvidos estavam a ponto de estourar – E jatos de cera de ouvido com sangue jorravam como pus de suas orelhas. Rodolfo começou a bater a cabeça no espelho do banheiro, como uma forma para dar fim ao sofrimento. Perto dali, na rua, outras pessoas encontravam-se em quadros semelhante. Sangrando pelos ouvidos, agonizando de dor tentando estourar suas cabeças na primeira superfície sólida que encontrassem. Este surto tomou conta de toda a cidade, que ficou sitiada. Não havia sinais de sobreviventes. Militares e cientistas estavam confusos tentando entender que tipo de doença era aquela. No outro dia o corpo de Rodolfo, estirado no chão do banheiro, com o crânio estourando entre cacos de vidro começou a demonstrar espasmos. Muito desengonçado o corpo se sustentando entre parede e privada começa a andar, se arrastando e emitindo grunhidos. Rodolfo se reúne a outros, que mancam para fora da cidade.

Friday, February 22, 2008

usb

Mariula estava desesperada por sexo. Deus do céu. E nenhum vibrador. Saiu procurando por falos. Nenhum a satisfazia. Cabos de vassoura eram muito ásperos, copos podiam quebrar dentro dela, as frutas fálicas da geladeira lhe provocavam alergia, dentre outros problemas. Sentou no computador. Ver pornografia não rolava, tinha acabado de fazer as unhas e uma boa siririca também estava fora de cogitação. Escutar musica poderia ser uma boa para se distrair. Ao pegar no cabo usb levou um choque. Não um choque forte. Mas forte o suficiente para provocar a tórrida imaginação de Mariula. Pegou o fio usb que saia do computador, o mais longo possível, e enfiou nela mesma. O choque dentro de sua vagina a fazia gemer cada vez mais alto, desesperada de tanto prazer. Seus pentelhos ficaram em pé; e brancos.

Brian, o gênio

Brian é o maior cientista de nossa geração. E pode achar soluções tão rápido como as procede em poucos segundos. Essas coisas desencadeiam o perigo. Brian estava dando uma palestra, e era a hora das perguntas. Um homem careca com uma maleta dirige-se até o microfone. Grita como um louco e saca uma serra elétrica de sua maleta. Todos correm desesperados, gritos, choros, pedidos de socorro. “Você é meu!”, clamava loucamente o careca. Brian controla suas bexiga, e corre para os fundos do palco. Intermináveis corredores escuros. O fôlego vai acabando e o som da cerra elétrica aumentando. Brian se agacha em um canto escuro para esconder-se. O som aumentava cada vez mais, e bem do lado dele, perfurando a parede a cerra elétrica corta certeiro a mão direita de Brian. Um grito corrido de lágrimas quentes ecoa. Brian voltar a correr, e agora sangrar. Muito. Ao lado da palestra sobre tecnologia estava tendo um encontro nacional de pornografia e afins do ano. Correndo entre os estandes com vídeos pornográficos, revistas e... Maquinas de masturbação. São como mãos robóticas posicionadas para masturbar um homem. A mente brilhante de Brian, entre a dor, sangue e desespero começou a funcionar. O louco careca com uma cerra elétrica já matou quatro capas da playboy. Paro de escrever, minha colega começa a chorar, a mãe dela esta num quadro grave de câncer, todos a amparam. Nesse meio tempo Brian transformou a maquina de masturbar em uma mão biônica. Uma poderosa mão biônica do prazer. Um velho de pijama e charuto sai correndo, rápido demais para a idade dele até. Brian corre até o careca, segurando com a mão masturbadora a cerra elétrica de seu pretenso assassino. A mão é forte, e entorta a cerra deixando-a inutilizada. O careca pula encima Brian, mas não antes da mente Genial do milênio segurar o pênis do miserável. Que com uma força dolorosa masturba-o até sua morte. O homem cai morto – e duro – no chão. O silencio toma conta de todos, que ficam parados, olhando para Briam.
“Eu não sou gay”, ele diz.

Wednesday, February 20, 2008

quarta-feira

O dia não começou bem, nublado, chuvoso. Geralmente adoro dias assim – hoje não. Hoje isso é mau sinal. O escritório tinha o cheiro característico de um... Escritório. A recepcionista mandou que eu subisse com o jornal do setor. Um jornal mercantil. Só números e velhos falando de como a economia sempre está ruim. Jogo na primeira mesa pela qual passo em caminho até a minha mesa. Ligo o computador, começa aquela musiquinha que toca quando inicia o sistema operacional.

Tuesday, February 19, 2008

cabum

Aquelas embalagens de papel, que se põe pães em padarias. Ele amassou forte e deixou sobre sua mesa. Levantando e esquivando-se das cadeiras vizinhas saiu da sala. Começou a apressar os passos, até começar a correr. A sua secretaria terminava de atualizar alguns dados de faturamento e se assustou com a saída brusca de seu chefe. Um tique-taque agonizante toma conta da sala. O saco amassado de papel, aos poucos vai inflando. O nome da secretaria era Josefina, e amava o seu filho. Antes de morrer deu uma rápida olhada na fotografia do menino em sua mesa. Há poucos metros da empresa, um vendedor de cachorros-quentes termina de esquentar as salsichas.

Então tudo explode. Ele saiu bem na hora, entrou em um carro vermelho escuro e acelerou. O vendedor de cachorros-quentes falou “mama mia”, deixando uma salsicha que estava presa num garfo cair no chão. A salsicha rola para perto do prédio da empresa e começa a pegar fogo junto. Josefina está morta; seu filho a espera na porta da escola.

Thursday, February 07, 2008

mongo

O menino preparava toda uma civilização de areia. O rei desta civilização seria um siri. Seu nome seria Mongo. Pois se este menino vivesse em seu próprio mundo, haveria de ser chamado de Mongo, o terrível. Mal tinha cinco anos, a criança era um tirano. Um genial tirano, inclusive. Construiu uma forte parede de areia, que assim impede as ondas fortes de destruírem seu reino de areia. A verdade é que de tempos em temos uma criança, aos cinco anos, tem um surto tirânico, exatamente numa quinta feira de sol, quando os pais, vai Deus saber, decidem ir a praia. Esta criança, que pode ter sido eu ou você, começa a construir um império maligno de areia. Geralmente o surto psicótico megalomaníaco infantil deixa de existir no momento em que uma onda faz o seu trabalho. Caso não, o menino trará desgraças para o mundo. Provavelmente Mongo conseguirá.